Fora do corpo, órgãos são mantidos vivos até o transplante

Esqueça quase tudo o que sabíamos sobre os transplantes de órgãos, afinal essa vertente da medicina está em intensa transformação. Para tratar um fígado que será transplantado ou mesmo aguardar o paciente chegar até o hospital, o órgão é mantido vivo, artificialmente, por muito mais tempo que, um dia, foi possível. Isso é viável a partir da técnica de perfusão hepática.

  • Terapia experimental cria um novo fígado em humanos, sem transplante
  • Primeiro paciente de transplante de rim de porco recebe alta hospitalar

Através da emergente técnica de perfusão hepática, os cirurgiões conectam o fígado a uma máquina que faz circular sangue quente, oxigenado e enriquecido com nutrientes. Assim, ele permanece funcionando, dentro de uma “caixa” plástica, capaz de simular o corpo humano, com a mesma pressão.

Nem todos os centros médicos têm a capacidade de manter um órgão vivo fora do corpo por longos períodos, mas a estratégia está se popularizando. Nesse cenário, uma das referências é a equipe da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.


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Revolucionando os transplantes de fígados

“Quando você sofre de insuficiência hepática, você deseja uma equipe que utilize as últimas pesquisas e tecnologias para possibilitar uma vida mais saudável”, afirma Daniel Borja, cirurgião especializado em transplantes da universidade norte-americana, em nota.

Antes de fechar a caixa, cirurgiões ajustam fígado no sistema que vai mantê-lo vivo fora do corpo (Imagem: Divulgação/Northwestern Medicine)

É justamente o que Borja e sua equipe estão propondo. “Até agora, os pacientes que receberam fígados que passaram pela perfusão parecem estar se recuperando mais rápido e melhor do que os pacientes que receberam fígados semelhantes sem perfusão mecânica [no método convencional]”, acrescenta.

Por que manter o fígado numa “caixa”?

Inclusive, dá tempo para tratar o órgão a ser transplantado nesse novo sistema, tornando ele mais saudável para o corpo de quem receberá a doação — como mencionamos, a técnica não é exclusiva dos EUA e cirurgiões da Suíça já usaram a estratégia para recuperar um fígado “doente” por três dias, antes da operação.

Entretanto, no final de março, a equipe médica da Universidade Northwestern foi responsável por um procedimento inédito. Eles realizaram um transplante duplo, de pulmão e fígado, em um paciente com câncer, o que exigiu uma boa dose de inovação.

O paciente foi conectado a máquinas, para que elas realizassem as funções do seu coração e dos seus pulmões. Enquanto isso, o pulmão doente foi retirado, junto dos gânglios linfáticos. Em seguida, a equipe removeu vestígios de células cancerígenas das vias respiratórias e da cavidade torácica. 

Após todo o processo de “limpeza”, os médicos transferiram o novo pulmão. Durante esse tempo, o fígado foi mantido na caixa, esperando a sua vez de ser transplantado.

Mais técnicas inovadoras

As estratégias que permitem preservar órgãos vivos podem ser feitas com o fígado, mas também com os pulmões e os corações. Em paralelo, outro campo que avança na medicina é a área dos xenotransplantes — os transplantes entre espécies diferentes.

Nesta semana, o primeiro paciente a receber um rim de porco editado geneticamente teve alta hospitalar, o que pode marcar o início de uma nova era e do fim das filas de espera por órgãos.

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