Cara Preta, do PCC, repassou R$ 11 mi a fintech alvo de ação, diz MPSP

São Paulo — Apuração do Ministério Público de São Paulo (MPSP) aponta que Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta (foto em destaque), apontado como um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), enviou R$ 11 milhões para a fintech Invbank, alvo da Operação Hydra, iniciada a partir da delação de Vinicius Gritzbach.

De acordo com os promotores, o objetivo das transações era lavar dinheiro conseguido por meio do tráfico de drogas. Eles descobriram o montante ao analisar parte das transações financeiras feitas pela Invbank.

“Ao analisar o diagrama da INVBANK até o segundo nível de transações, verificou-se quais as pessoas mais transacionaram em valores monetários, sendo de extremo relevo salientar uma delas e o valor que lhe corresponde. Trata-se de Anselmo Becheli Santa Fausta, o ‘Cara Preta’, membro do PCC, que enviou R$ 11 milhões!”, diz trecho do documento.

Cara Preta foi assassinado a tiros no fim de 2021 e Gritzbach era suspeito de ser o mandante do crime. O homem que ficou conhecido depois por ser o delator do PCC nega essa acusação.


A relação entre Cara Preta e Gritzbach

  • Em 26 de dezembro de 2021, Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, foi executado com tiros de pistola, junto com o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, a poucos metros da Praça 20 de Janeiro, no Tatuapé.
  • Cara Preta era um importante líder do PCC e mantinha negócios com Gritzbach no ramo imobiliário e também na operação de criptomoedas.
  • Foi do Cara Preta que o corretor de imóveis teria recebido e sumido com um pen-drive com 100 milhões de dólares de criptomoedas, o que poderia render quase meio bilhão de reais.
  • O equipamento provocou uma “caça ao tesouro” entre criminosos e policiais corruptos, conforme apurou o Metrópoles com fontes do MPSP, TJSP e das polícias Civil e Militar. O objeto não foi encontrado até o momento.
  • Gritzbach era investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) por ser o suposto mandante do duplo homicídio, o que ele sempre negou.
  • Em depoimento obtido pelo Metrópoles, Gritzbach afirmou que o delegado Fábio Baena e o chefe de investigações Eduardo Monteiro, ambos do DHPP na ocasião, teriam pedido R$ 40 milhões para retirar o nome do corretor do inquérito policial que investigava o assassinato de Cara Preta e Sem Sangue — valor que não foi pago, segundo o próprio Gritzbach.

Operação Hydra

A operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Polícia Federal (PF) que mira na atuação das fintechs 2Go Bank e Invbank foi iniciada a partir da delação de Vinicius Gritzbach, jurado de morte pelo PCC e executado a tiros de fuzil em novembro de 2024 no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

A Operação Hydra, deflagrada nesta terça, tem como objetivo combater a lavagem de dinheiro ligada à facção criminosa. De acordo com o MPSP, Gritzbach “jogou luz na atuação de fintechs para o branqueamento de bens e valores oriundos de atividades criminosas”. Essa é uma das frentes das investigações realizadas pela PF, cujo objetivo é desarticular esquema de lavagem de dinheiro por meio das instituições de pagamento.

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A investigação, que mira na atuação das fintechs 2GO Bank e Invbank, foi iniciada a partir da delação de Vinicius Gritzbach

O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, fundador e CEO da fintech 2GO Bank, foi preso durante a operação
A Operação Hydra tem como objetivo combater a lavagem de dinheiro ligada à facção criminosa
Cyllas, que atuou no Deic, foi citado por Gritzbach em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil
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Operação Hydra, do MPSP e da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã desta terça-feira

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A investigação, que mira na atuação das fintechs 2GO Bank e Invbank, foi iniciada a partir da delação de Vinicius Gritzbach

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O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, fundador e CEO da fintech 2GO Bank, foi preso durante a operação

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A Operação Hydra tem como objetivo combater a lavagem de dinheiro ligada à facção criminosa

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Cyllas, que atuou no Deic, foi citado por Gritzbach em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil

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Quem é o policial preso em operação que mira fintechs ligadas ao PCC

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Em resumo, duas empresas ofereciam serviços financeiros de forma alternativa às instituições bancárias tradicionais, movimentando valores ilícitos. Elas constituíram engenharia financeira complexa para velar os reais beneficiários.

Nesta terça, a PF e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, cumpriram um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de São Paulo, Santo André e São Bernardo.

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