Quem é o “concierge do crime” ligado a alta cúpula do PCC

Indiciado pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira (24/02) por comandar uma rede de tráfico internacional, Willian Barile Agati também conhecido como “concierge do crime organizado”, era quem ligava o PCC (Primeiro Comando da Capital) a compradores de drogas no exterior, entre eles a máfia italiana ‘Ndrangheta.

Foi essa atuação que lhe rendeu o apelido de “concierge” por atender demandas e exigências de pessoas envolvidas com tráfico, “sobretudo integrantes do PCC”.

“Esses pedidos são dos mais diversos tipos, desde a logística para o narcotráfico e lavagem de dinheiro, até o fornecimento de aviões, veículos, imóveis, artigos de luxo e outras necessidades dos criminosos”, diz a PF na representação pela sua prisão.

Por essas conexões com a organização criminosa que ele foi preso no mês passado. A PF encontrou cerca de R$ 2 bilhões em movimentações financeiras feitas por ele e suas empresas entre 2017 e 2024. A suspeita é que os valores são provenientes do tráfico de cocaína.

Segundo a investigação, a escolha de Willian como “concierge” da alta cúpula do PCC se deu por conta de sua “imagem de empresário bem-sucedido”, que justificaria seu estilo de vida luxuoso, podendo se infiltrar na alta sociedade.

A lavagem de dinheiro, no entanto, operava com a ajuda de empresas de fachada e Agati é apontado como controlador de inúmeras delas.

Entre os negócios citados pela PF estão a Better Filter, que produzia filtros para cigarros, a FI1RST, agência de viagens, a Burj Motors, para a venda de veículos e a H7 aviação.

“Dessa maneira, ele estabeleceu boas relações com pessoas influentes, de modo a não deixar suspeitas sobre a origem da grande quantidade de dinheiro que movimenta por meio das contas bancárias que tem à sua disposição, valores estes que, na realidade, são provenientes do tráfico internacional de drogas e outros delitos correlatos”, diz o relatório da operação.

Segundo os agentes, ele também atendia pelos codinomes de “Senna”, “Boxeador”, “Jogador” e “Playboy”, nicknames usados no aplicativo de mensagens criptografadas Sky ECC.

Outra peculiaridade apontada pela PF foi a descoberta de um de seus ídolos: Pablo Escobar, que foi um famoso líder do narcotráfico na Colômbia. Segundo a PF, ele tinha um cachorro chamado “Scobar”.

“Essa influência e certa idolatria tornam-se ainda mais evidentes quando se percebe que Willian Barile Agati nomeou seu cachorro como “Scobar”, decerto referindo-se não somente a sua própria condição de narcotraficante internacional como também em homenagem ao colombiano Pablo Emilio Escobar Gaviria, expoente do Cartel de Medellin”, afirma a PF.

Agati foi indiciado na operação Mafiusi, da PF, junto com outras 13 pessoas. No entanto, foi em outra operação, a Retis, em que foram constatados “fortes indícios” de que o concierge seria o responsável por operacionalizar parte da lavagem do dinheiro proveniente das ações de tráfico internacional de drogas pelo Porto de Paranaguá (PR).

O porto tem relevância nacional por ser o maior na exportação de produtos agrícolas, os quais, segundo a investigação, serviam para transportar a droga do Brasil para o exterior, principalmente a países europeus.

A PF também aponta que Agati, juntamente com Edmilson de Menezes, foi o mandante dos homicídios de Marcos Antonio Carvalho, conhecido como “Marcos P2”, e Jeferson Barcelos de Oliveira, investigados na Retis. O crime teria sido motivado por dois roubos de carregamentos de cocaína em Paranaguá antes do embarque no navio.

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