Se pandas são carnívoros, por que vivem comendo bambu? Entenda

Pesquisadores da China descobriram que moléculas encontradas no bambu podem ser as responsáveis pelos pandas, que são animais carnívoros, viverem a base desse tipo de vegetal. A pesquisa foi publicada nesta sexta-feira (28) na revista científica Frontiers in Veterinary Science.

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Por meio da coleta de sangue de sete pandas gigantes, incluindo três fêmeas adultas, três machos adultos e uma fêmea jovem, foi possível verificar que o código genético dessa planta estava presente no sangue dos animais. 

Com sistemas digestivos de carnívoros e uma dieta baseada em bambu, os pandas são um exemplo ímpar de adaptação. Esse animal desenvolveu características específicas para se adequar à dieta, que é majoritariamente vegetariana, apesar de ter um organismo preparado para o consumo tanto de carne quanto de vegetas.


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Para se alimentar de maneira mais eficiente, com o passar do tempo os pandas desenvolveram pseudopolegares para agarrar melhor o bambu e também dentes planos, que são mais adequados para esmagá-lo durante a mastigação.

Agora, a questão recai em dilema parecido com o famoso “o que veio primeiro, o ovo ou a galinha?” e os cientistas precisam descobrir qual a ordem dos fatores: os pandas se adaptaram por preferirem bambu ou a alta ingestão de bambu os ajudou a se adaptar?

“O código genético do bambu pode entrar no corpo dos pandas gigantes por meio da dieta, ser absorvido pelo intestino, entrar na circulação sanguínea e então regular quando o código genético do panda gigante transfere informações, desempenhando assim um papel na regulação da expressão genética dos animais”, explicou, em comunicado à imprensa, Feng Li, autor do estudo.

Como isso acontece?

No artigo, os autores explicam que todos os organismos vivos têm DNA e RNA. O DNA é o código genético, responsável por armazenar a informação genética em cada célula; já o RNA carrega e transfere essa informação quando as células se replicam.

A replicação celular, por sua vez, é um processo diário que acontece tanto para a simples manutenção do organismo quanto para o crescimento, ocorrendo até mesmo para a reparação após algum machucado.

Além desses dois, existe ainda o chamado MicroRNA (miRNA), que, como diz o nome, é um pequeno RNA. Seu papel é transformar a informação de um gene em uma função. É exatamente aí que está o cerne da questão, descoberto pelos cientistas: o miRNA de plantas pode ser absorvido através dos alimentos.

A hipótese é de que esse fator tenha agido no organismo dos animais ao longo de um grande tempo para transformar suas características ao ponto de facilitar a alimentação quase exclusivamente baseada em bambu.

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