Por que tempestades de poeira em Marte podem ser perigosas para astronautas

Marte enfrenta tempestades de poeira tão fortes que, a cada três anos, elas cobrem o planeta inteiro e podem até ser vistas da Terra. Para pesquisadores da Universidade da Califórnia Sul, estes fenômenos podem ser um problema para os futuros astronautas que explorarem o Planeta Vermelho, e seus riscos devem ser levados em conta por parte das agências espaciais. 

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Enviar missões tripuladas a Marte não é nada fácil. O motivo são os vários desafios envolvidos, que vão desde o planejamento da missão até os riscos à saúde dos tripulantes: para começar, a viagem de ida levaria no mínimo seis meses, tempo suficiente para os astronautas sofrerem atrofia muscular, perda de densidade óssea, entre outros efeitos causados pela exposição de longo prazo à microgravidade

Comparação entre Marte em condições normais e com uma tempestade de poeira global (Reprodução/NASA/JPL/MSSS)

O deslocamento e a chegada ao Planeta Vermelho também significa alta exposição à radiação. Para os autores, o regolito marciano poderia ser outro fator de risco à saúde da tripulação. “O mais crítico: há abundância de poeira de sílica junto da poeira de ferro do basalto e do ferro nanofásico, ambos reativos aos pulmões e que podem causar doenças respiratórias”, observou Wang, coautor do estudo. 


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Perigos da poeira marciana

Segundo ele, o maior problema da poeira de Marte é que suas partículas são bem menores que as menores que o muco dos nossos pulmões consegue expelir. Por isso, elas oferecem maior risco de doenças. “A sílica causa diretamente a silicose, que normalmente é considerada uma doença ocupacional para trabalhadores expostos à sílica (ou seja, mineração e construção)”, alertou Wang. 

A poeira de Marte pode causar vários problemas na saúde dos astronautas (Reprodução/ NASA/JPL-Caltech)

A poeira de Marte é composta por ferrugem, gesso, sílica, arsênio e outros componentes tóxicos. Como os efeitos causados pela exposição a estes compostos já foram amplamente estudados, Wang e seus colegas decidiram investigar os riscos que poderiam oferecer. Eles já alertam que, devido ao tempo de deslocamento, seria bem mais difícil tratar astronautas por lá. 

Os autores explicam que, por isso, as missões tripuladas no planeta teriam que ser o mais autossuficientes o possível inclusive em relação a tratamentos de saúde. De forma geral, os autores acreditam que a prevenção contra os riscos seria a melhor medida, e sugerem algumas ações. “As medidas mais importantes vão ser limitar a contaminação de poeira nos habitats dos astronautas e poder filtrar qualquer poeira invasora”, propôs. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista GeoHealth

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