PF investiga Waguinho por suspeita de desvios milionários

Rio de Janeiro – A Polícia Federal (PF) investiga o ex-prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos, conhecido como Waguinho, por suspeitas de envolvimento em um esquema de desvios em contratos que ultrapassam R$ 100 milhões destinados à compra de livros didáticos. A apuração ocorre no âmbito da Operação Errata, realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU).

A investigação contra Waguinho começou após a PF cumprir mandados de busca e apreensão em diversos endereços no dia 11 de fevereiro. Os agentes encontraram indícios que ligam o ex-prefeito ao esquema. A maioria dos contratos milionários para aquisição dos livros foi assinada durante sua gestão.

Empresas envolvidas no esquema

A Operação Errata apura a participação das editoras Soler e IPDH, que firmaram contratos milionários com a prefeitura de Belford Roxo. Os livros adquiridos poderiam ter sido obtidos gratuitamente por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), mas foram comprados diretamente pelas editoras, levantando suspeitas de irregularidades.

Os investigadores apontam que as empresas envolvidas utilizavam laranjas e um complexo esquema de distribuição dos valores desviados. Segundo a PF, a Editora Soler não possui funcionários registrados desde 2016. Ainda assim, entre 2019 e 2023, fechou R$ 53 milhões em contratos com a prefeitura.

Ligações com campanha eleitoral

Além dos contratos suspeitos, a investigação identificou vínculos entre as empresas envolvidas no esquema e a campanha eleitoral da deputada federal Daniela Carneiro, esposa de Waguinho. A campanha de 2022 contratou a gráfica Lastro Indústrias Gráficas, que recebeu cerca de R$ 5,7 milhões da Editora Soler, uma das principais investigadas na operação.

Outra empresa mencionada na apuração é a Rubra Editora e Gráfica, que teve como sócio João Morani Veiga, alvo de buscas na operação. A Rubra foi a maior beneficiária da campanha de Daniela Carneiro em 2022, recebendo R$ 561 mil.

Defesa nega irregularidades

A reportagem entrou em contato com Waguinho, mas não obteve resposta.

Já a deputada Daniela Carneiro negou qualquer vínculo com as empresas investigadas: “Os serviços contratados na época da campanha foram todos retirados nos parques gráficos indicados pelas empresas contratadas”.

O proprietário da Editora Soler, Sandro Coutinho, também se manifestou, negando qualquer irregularidade. Ele afirmou que o dinheiro repassado à Lastro Indústrias Gráficas foi referente a cinco anos de fornecimento de livros à prefeitura. Além disso, alegou que a cidade escolheu adquirir seus próprios livros para que fossem mais “dinâmicos e regionalizados”, em vez de utilizar os exemplares gratuitos do governo.

“O município pode optar por receber os livros gratuitos ou utilizar a verba para adquirir materiais próprios. O IDEB da cidade cresceu com essa parceria, e não houve superfaturamento”, declarou Coutinho.


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