Tempo de Quaresma.

Ontem, 5 de março, foi o que a Igreja preceitua como “Quarta-Feira de Cinzas”, recomendando que os fiéis a rememorem em Jejum e Abstinência.

Leio na Internet, que a Igreja recomenda o jejum bíblico, como uma estratégia deixada por Jesus para crescermos na intimidade com nosso Deus Pai Eterno.

Neste conceito de Jejum, procura-se a abstinência intencional de alimentos com propósitos espirituais.

Se o Jejum é realizado com diferentes finalidades, inclusive como dieta visando a desintoxicação do organismo, o Jejum Religioso é feito com objetivos espirituais, afinal  alguém deixa de se alimentar por motivos relacionados à .

No Novo Testamento, Jesus recomenda o Jejum para expulsão dos Demônios.

Nesse contexto, o Jejum é hábito praticado há mais de 5 mil anos pela humanidade.

O próprio Jesus, antes de iniciar sua pregação retirou-se para o deserto para ali orar, meditar e jejuar.

Os Evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus, ditos Sinóticos porque assim narram de forma semelhante, parecida e até em complemento, falam que Jesus  após ter sido batizado no Rio Jordão por João Batista, dali se retirou  para o deserto ali jejuando por quarenta dias e quarenta noites ficando sem comer e sem beber, convivendo com feras e animais peçonhentos, e sendo tentado todo tempo por Satanás, com mil propostas e promessas, que só a fome bem suscita.

Jesus era Deus, mas fora feito Homem, para sentir e sofrer as agruras do bicho homem.

Já o Satanás, o Diabo ou o Demônio tentador, como anjo descaído e assaz frustrado, está a nos assediar todo tempo tentando obstruir e denunciar a nossa imperfeição humana, enquanto obra divina, chamem isto os agnósticos de simples tolice ou impura algaravia ingênua, um igual assedio àquele feito ao justo , em livro notável, narrando a perseverança de um homem íntegro e sem pecado, a ponto de orgulhar o próprio Deus, seu Criador, mesmo lhe afligindo sofrimentos terríveis, ciente da sua fortaleza em caráter irretocável.

Com Jesus, do mesmo jeito, foi ao deserto jejuar e rezar, e ali sofrer a mesma tentação que afadiga e debilita o homem; a fome! A fome de tudo; do alimento, do acolhimento e do carinho; tudo aquilo que a solidão do deserto e do jejum acontece ao desamparo.

E dizem os três Evangelistas: após quarenta dias e quarenta noites de jejum, Jesus teve fome, sem jamais ter cedido ao tentador.

Se a Igreja ainda recomenda o Jejum, eu sou do tempo em que as Imagens dos Santos eram vestidos de roxo durante os quarenta dias da Quaresma.

Depois a Igreja no afã de abdicar de seus hábitos em busca de um “aggiornamento” ou atualização italiana ditada pelo Concilio Vaticano II, as imagens, quase banidas dos altares, restaram despidas. Hoje são poucas as que se vestem de roxo.

Para que exibir tal “luto quaresmal”, perguntou-se então, afinal as imagens exibiam sua tristeza vestidas de roxo, com a iminente morte de Cristo a comemorar.

Por quê fazê-lo se Cristo ressuscitou na Páscoa ao romper a Aleluia ao Terceiro Dia de Morto, após “descer aos infernos”, como eu aprendi no Credo e que hoje ali está  amenizado: “Desceu a mansão dos Mortos”?

Hoje reza-se pouco o Credo e também o Glória nas nossas Missas de preceito.

As Igrejas esvaziadas preferem cantar um Credo em Cruz,  qualquer um, e um Glória pior mal festejado, com letra e rima falseados, esquecendo as velhas orações, enquanto profissão de fé, que deveriam ser repetidas, obrigatoriamente!; para não restarem esquecidas!

Mas a Quarta-Feira de Cinzas é dia de Jejum e de Abstinência.

É dia também de imposição pelo Sacerdote de uma marcação na testa de uma cruz com cinzas obtidas pela queima dos Ramos abençoados na Semana Santa do ano anterior.

Quanto aos Ramos, tão requisitados nas Missas dos Domingos de Ramos, por inicio da Semana Santa em Procissão, estes vem tão rareados que poucos conseguem exibir algum.

Já sobre o Jejum como eu aprendi na minha casa, muitos ficavam toda a Quarta-Feira de Cinzas sem nada comer, almoçando um peixe frugal ao meio-dia, ficando o resto do dia sem se alimentar e portando a cruz na testa com cinzas o dia inteiro.

Jesus repreendeu os judeus que jejuavam e restavam tristes pelas esquinas fingindo externar uma farisaica piedade.

Estaríamos nós com a cinza na testa pelas ruas iguais aos fariseus, ou estamos enaltecendo apenas a nossa Fé?

Cada um dê a sua melhor resposta, lembrando que  as cinzas nos querem lembrar que somos do pó e ao pó voltaremos.

Por outro lado, há sempre um senão a desmerecer a fé e o sacrifício de cada um, lhe configurando um motejo de inutilidade, afinal dizem alguns que um Jejum só terá valor se à abstenção do alimento advier como o saciar de muitos além que nos assediam  com fome.

Nesse contexto eis a velha discussão: é a que salva ou as Obras?

Se não é a que salva, como fica aquele que disse não serem as Obras que só elas salvam somente, para que a Salvação não fosse assim fruto apenas do esforço orgulhoso do homem, jejuando, se abstendo e se mortificando?

Por outro lado, não está a humanidade em perda imensa de , em Deus, e em seus pregadores, descrente da Esperança do que seja a própria Salvação?

Para tudo isso, eis o tempo de Quaresma; tempo de reflexão e conversão, afinal sempre podemos ser melhores, até para nós mesmos, nos aceitando, por imperfeitos!

“Deus é maior!”, fala o pequeno grão na imensidão do existir.

Que cada um faça o seu Jejum a sua Abstinência, ora essa!

A Quaresma veio para isso.

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