Rússia, China e Irã confirmam exercícios militares na entrada do Golfo Pérsico

 

Forças navais do Irã, Rússia e China começarão, nesta segunda-feira, uma série de exercícios militares em uma área próxima à entrada do Golfo Pérsico para “fortalecer a segurança regional”, no momento em que o governo dos EUA envia sinais que alternam entre ameaças e a disposição para o diálogo aos três envolvidos nas manobras.

De acordo com o comando militar iraniano, citado pela agência Tasnim, o “Cordão de Segurança 2025” tem como objetivo “promover a cooperação multilateral e expressar as capacidades dos participantes para proteger a paz mundial, garantir a segurança dos mares e criar uma comunidade baseada no mar com um futuro em comum”.

Os exercícios, que ocorrem pelo sétimo ano e que devem durar “vários dias”, devem envolver cerca de 15 navios, embarcações de apoio e barcos de combate, além de helicópteros especializados em ações no mar.

“Ao longo de vários dias na parte norte do Oceano Índico, as tripulações praticarão tarefas para libertar navios capturados, busca e salvamento no mar e também conduzirão fogo de artilharia contra alvos marítimos e aéreos”, disse, em comunicado, o Ministério da Defesa da Rússia.

O governo chinês, afirmou, também em comunicado, que enviará um contratorpedeiro, um navio de suprimentos e helicópteros que já atuam em ações contra sequestros de navios no Golfo de Áden, uma área conhecida pela atuação de piratas. Representantes de Azerbaijão, África do Sul, Omã, Cazaquistão, Paquistão, Catar, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Sri Lanka participarão como observadores.

A cerimônia de abertura foi realizada neste domingo no porto iraniano de Chabahar, localizado no Golfo de Omã e o único com acesso direto ao Oceano Índico — os demais terminais de grande porte do Irã estão localizados no Golfo Pérsico. Em fevereiro, Teerã realizaram manobras na mesma região para “reforçar capacidades de defesa”.

Apesar de já previstas, os exercícios chamam a atenção pelo momento em que são realizados, com a Casa Branca sob Donald Trump fazendo bruscas mudanças no cenário internacional ao mesmo tempo em que trafega entre ameaças e ofertas de diálogo.

O caso russo talvez seja o mais confortável. Trump tem deixado claro o interesse de reatar o diálogo com Moscou, com foco na guerra na Ucrânia, mas também interessado em trazer para perto de si um país que, na visão dos republicanos, foi marginalizado nos últimos anos. Contudo, na semana passada o presidente americano afirmou que, caso os russos não aceitem seus termos para um cessar-fogo no conflito, poderá aplicar um tarifaço contra o país.

O Irã, um velho alvo de Trump, foi colocado contra a parede na semana passada, quando o presidente disse que quer negociar um novo acordo sobre o programa nuclear do país, sugerindo que a outra opção poderia ser militar. O plano anterior, negociado por Barack Obama, foi rasgado no primeiro mandato do republicano, e jamais retomado. No sábado, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, rejeitou dialogar com Washington, mas a missão do país na ONU deixou, neste domingo, a porta aberta para conversar de forma “limitada”.

Já a China é o principal alvo, ao lado de aliados como Canadá e México, da política de tarifaços que marca os primeiros momentos do mandato de Trump, mas não parece disposta a ceder às ameaças da Casa Branca, sejam de natureza econômica, política ou militar.

— Pressão, coerção e ameaças não são as maneiras certas de se envolver com a China. Tentar exercer pressão máxima sobre a China é um erro de cálculo e um erro — disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva na terça-feira. — Se os EUA insistirem em travar uma guerra tarifária, guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, a China lutará até o fim.

Fonte: O Globo

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