Vistos para os EUA superam 1 milhão em 2024, apesar do dólar alto

Mesmo com o dólar nas alturas, houve 1,088 milhão de emissões de vistos de turismo e negócios (conhecido como B1/B2) a brasileiros pelos Estados Unidos em 2024, o maior volume da história e equivalente a 94,5% de todos os vistos dados a nacionais do Brasil.

O Brasil é o terceiro país que mais recebeu os vistos americanos em 2024, totalizando 1,151 milhão de autorizações concedidas pelos EUA a cidadãos brasileiros, uma queda de 0,65% sobre 2023, que foi o recorde da série histórica.

Apenas México (2,5 milhões) e Índia (1,4 milhão) registraram mais emissões. China (975 mil) e Colômbia (511 mil) completam as cinco primeiras posições do ranking.

Os dados são pesquisa anual sobre os vistos americanos mais concedidos para brasileiros em 2024, da Viva América, consultoria imigratória especializada em serviços para quem quer estudar, trabalhar ou morar nos EUA.

“O Brasil historicamente é um dos dez países que mais enviam turistas aos EUA. Mesmo com a alta do dólar que vimos nos meses finais do ano passado, não é algo que costuma afetar o apetite do brasileiro pelos destinos norte-americanos”, analisa o CEO da Viva América, Rodrigo Costa.

O dólar comercial fechou o ano passado em alta de 27,36% frente ao real, cotado a R$ 6,1797, na maior variação anual desde 2020, quando avançou 29,3%.

A média de expedições dos documentos caiu a partir do segundo semestre, impedindo que uma nova máxima histórica fosse registrada. Segundo Rodrigo Costa, a queda no segundo semestre não é incomum e não está relacionada à eleição de Donald Trump, cujo resultado foi confirmado em novembro do ano passado.

“Não houve mudança na política consular de emissão de vistos no período. Como a variação foi muito pequena, fatores como folgas extras, feriados prolongados e, com certeza, o período de quase dois meses em que o consulado de Porto Alegre ficou fechado por causa das enchentes na região pode ter impactado o resultado.”

Os vistos de intercâmbio (J-1) e de estudante (F-1) foram, respectivamente, o segundo e o terceiro mais concedidos para brasileiros em 2024, com 11,3 mil e 7,2 mil autorizações expedidas.

Com 41.704 alunos matriculados em escolas, universidades e programas de intercâmbio dos Estados Unidos, o Brasil é o quinto país com mais estudantes internacionais em instituições de ensino americanas. O país é o quarto com pesquisadores ou professores convidados atuando em instituições de ensino superior dos EUA, de acordo com dados da AG Immigration.

“Enquanto os alunos vão estudar com os vistos F ou M, esses pesquisadores geralmente entram nos EUA com o visto J”, explica Costa.

Aparecem ainda nas primeiras colocações os vistos L-1 — destinados a executivos de empresas brasileiras que são transferidos para os EUA ou empreendedores que vão abrir um negócio em solo americano — e L-2, para os dependentes (cônjuge e filhos) de L-1 (veja abaixo a lista completa).

“Fuga de cérebros”

Além do número de brasileiros que foram para os EUA no último ano para turismo, a pesquisa também mostra um aumento significativo na emissão de vistos para profissionais altamente qualificados, reforçando o cenário de “fuga de cérebros”.

Em 2024, foram registrados recordes na emissão de 20 tipos de vistos para brasileiros. Chama atenção no levantamento da Viva que metade destes vistos são permanentes, ou seja, concedem o green card ao portador. É o caso do EB-2, destinado a profissionais com habilidades acima da média, e o EB-1, para pessoas com habilidades extraordinárias. Foram emitidos, respectivamente, 2.302 e 491 vistos.

“É um cenário de fuga de cérebros que já vínhamos observando”, pontua Costa.

Vistos dos EUA mais emitidos para brasileiros em 2024:

  1. B1/B2 (turismo e negócios): 1.088.407
  2. J-1 (intercâmbio): 11.350
  3. F-1 (estudo): 7.266
  4. L-2 (dependentes de L-1): 6.843
  5. L-1 (transferência de executivos e abertura de empresas): 4.868
  6. C-1/D (tripulantes): 4.814
  7. A-2 (diplomatas): 3.326
  8. B-1 (negócios): 3.071
  9. EB-2 (habilidades acima da média): 2.302
  10. H-1B (profissionais altamente especializados): 1.947
  11. O-1 (habilidades extraordinárias): 1.722
  12. J-2 (dependentes de J-1): 1.512
  13. F-2 (dependentes de F1): 1.287
  14. H-4 (dependentes de H-1B): 1.181
  15. K-1 (noivos de cidadãos americanos): 1.104

A pesquisa foi elaborada a partir de relatórios oficiais do Departamento de Estado americano, que administra a emissão de vistos em todos os consulados e embaixadas dos EUA ao redor do mundo.

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