Descoberta revela “evidências mais fortes” de que Marte já teve vida

A maior evidência até agora de que Marte já pode ter abrigado vida foi encontrada pelo robô Perseverance, da Nasa, que tem percorrido a superfície do planeta vermelho desde 2021.

Em janeiro, seu irmão robótico, o Curiosity, já havia encontrado pistas da existência de água no planeta, mas pela primeira vez elas são mais que formações geológicas visíveis: são minerais. Os cientistas acreditam ter encontrado um mineral incompatível com as superfícies extremamente frias de Marte.

O estudo foi apresentado na Conferência Científica Lunar e Planetária nesta quarta-feira (12/3), no Texas. A descoberta, no entanto, ainda é classificada como nível 1 em uma escala de 1 a 7 para evidências de vida extraterrestre, indicando que mais estudos são necessários.

O que foi descoberto?

O Perseverance estudou manchas escuras em uma rocha apelidadas de “manchas de leopardo”, que podem ser vestígios de micróbios marcianos, segundo os pesquisadores. Além disso, encontrou minerais característicos de climas temperados e úmidos.

Apesar do entusiasmo, os cientistas mantêm a cautela. As manchas se assemelham a padrões criados por micróbios na Terra, mas também podem ter origem em processos químicos e físicos ainda não compreendidos em Marte.

Em comunicado à imprensa, Jim Green, ex-cientista-chefe da NASA, sugere que medições adicionais são necessárias para confirmar a hipótese. Uma amostra da rocha já está armazenada no Perseverance, aguardando futura análise na Terra — assim que descobrirmos como buscar os robôs em segurança.

Cratera Jezero: um antigo lago promissor

A rocha foi encontrada na Cratera Jezero, local onde o Rover pousou em 2021. Há bilhões de anos, a região abrigava um lago que poderia ter sido propício à vida. A formação rochosa estudada se originou no leito de um rio que desaguava no lago. As “manchas de leopardo” e as “sementes de papoula”, como foram batizadas, apresentam enriquecimento em ferro, fósforo e enxofre, elementos que, na Terra, estão associados a reações orgânicas.

Os pesquisadores acreditam que os compostos orgânicos na rocha podem ter reagido com minerais de ferro e sulfato, processo que, no nosso planeta, é frequentemente mediado por micróbios.

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Solo poeirento de Marte pode esconder grandes reservas de gelo

A temperatura média em Marte é de -60ºC
A temperatura em Marte é de aproximadamente -60ºC
Atualmente, apenas robôs habitam o planeta
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Marte possui um ar tão rarefeito que não é capaz de filtrar a radiação cósmica

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Solo poeirento de Marte pode esconder grandes reservas de gelo

NASA/JPL-Caltech/ASU; edição por Daisy Dobrijevic/Space.comm

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A temperatura média em Marte é de -60ºC

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A temperatura em Marte é de aproximadamente -60ºC

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Atualmente, apenas robôs habitam o planeta

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Caulinita: um mineral que sugere água e calor

Além das manchas, o Perseverance identificou rochas claras contendo caulinita, mineral que se forma apenas em ambientes quentes e úmidos. A presença desse material surpreendeu os cientistas, já que Marte é conhecido por ser frio e seco.

“Essas rochas são muito diferentes de tudo que já vimos em Marte”, afirmou o professor Roger Wiens, da Universidade Purdue, líder da equipe que opera o instrumento SuperCam do robô.

A caulinita é comumente associada a condições propícias à vida microbiana, como chuvas intensas ou sistemas hidrotermais. A descoberta desafia a visão atual de Marte como um planeta perpetuamente árido e gelado, sugerindo que, no passado, o ambiente pode ter sido mais hospitaleiro. Mais de 4 mil rochas e seixos brancos contendo caulinita e espinélio foram identificados na superfície marciana.

Busca por respostas sobre o passado de Marte

“Investigar essas rochas nos ajudará a testar hipóteses sobre como elas se formaram e como se relacionam com a habitabilidade do planeta no passado”, disse Wiense. A descoberta pode guiar os cientistas na busca por sinais de vida extraterrestre antiga.

A missão do Perseverance continua a explorar Marte, buscando respostas sobre a história da água e da possível vida no planeta. Enquanto isso, a comunidade científica aguarda ansiosamente a análise das amostras coletadas, que poderão trazer novas revelações sobre o passado do Planeta Vermelho.

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