5 anos da pandemia e um inventário

Parece que foi semana passada que estávamos em casa sem poder sair. Parece que foi anteontem que até podíamos sair, mas nunca sozinhos (sempre com máscara e, de quebra, um vidrinho de álcool em gel na bolsa, no carro, na porta dos estabelecimentos), quase uma forma de compensar o isolamento e o distanciamento social que precisávamos cumprir. Parece que foi ontem que todo mundo teve que tirar da cartola um modo totalmente diferente da vida tão convenientemente física em que vivíamos, vida de contato e proximidade. Passou, algumas coisas passaram, algumas coisas dataram e outras ainda estão aí, prontas para um inventário.

De repente, quarentena, covid, corona, home office, vacina, vírus, máscara, álcool em gel, ensino remoto, lives, pandemia invadiram nosso vocabulário e, claro, algumas foram saindo a seu tempo. É das palavras e dos costumes essa mudança. A arte é um pouco menos temporária. O que é feito tende a ficar, às vezes para ser esquecido e sempre, sempre pronto para ser lembrado. Com a imposição/sugestão de ficar em casa, as artes sofreram um bocado. Algumas mais que outras. Como gravar uma novela, por exemplo, sem contato, sem estar próximo? Pois dá-lhe reprises. Gêneros mais livres frutificaram: daí nasceram séries, esquetes, músicas e até um tipo de teatro online, que puristas se recusam a chamar de teatro.

Ainda na esteira do Oscar, podemos lembrar que, entre as dobradinhas que as Fernandas cometeram nesta vida, está a série “Amor e Sorte” e o spin-off, “Gilda, Lúcia e o bode” todas neste contexto de pandemia e os problemas referentes ao isolamento social que força uma convivência em tempo integral, sem respiros. Há ainda, Diário de um confinado, do Bruno Mazzeo, e séries de esquetes do Porta dos fundos sobre negacionistas e home office. Aldir Blanc faleceu em decorrência da Covid, mas antes deixou um álbum que, interpretado por outros artistas, funciona como um bonito testamento onde clama, entre outras coisas, que é preciso inventar, se reinventar na nova realidade, aquele que viria a ser “o novo normal”. Do teatro não-tão-teatro-assim, há Denise Fraga com seu Galileu e uploads de peças inteiras para plataformas de vídeos (vide Incêndios). E ainda há lives, inúmeras lives, lives para tudo e sobre tudo, porque o importante era mostrar que se estava alive. De forma bem democrática e indo do informal até o mais elaborado, todos tiveram sua oportunidade de brilhar. Houve espaço para a live mais assistida do mundo, da Marília Mendonça, e também para as célebres lives intimistas de Teresa Cristina.


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Teresa ainda faz algumas lives com a mesma pegada celebrativa de receber amigos para cantar, Marília Mendonça já não está entre nós, a maioria dos outros artistas voltou a usar as redes para divulgar seus trabalhos. O teatro, o de verdade, aliás, voltou com tudo depois da pandemia. E o público também voltou ao teatro, como era de se desejar. E a covid segue fazendo vítimas por aí, mais raramente, mas continua. Afinal, o que podemos fazer? Já a vacina, essa continua por aí, o que preocupa é que seja também raramente atualizada e distribuída. Mas já não há pandemia e poucas vidas não nos interessam. Paciência, a saúde a gente vê depois.

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