O livro “O Avesso da Pele”, censurado em escolas de alguns estados sob a acusação de possuir “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade”, irá retornar às escolas das redes de ensino do Paraná e de Goiás. O anúncio foi feito nas redes sociais da Companhia das Letras, editora responsável pela publicação da obra.
“É com muita satisfação que informamos o retorno de ‘O avesso da pele’ às escolas do Paraná e de Goiás, após seu injustificado e ilegal recolhimento. Felizmente a decisão foi revista pelas Secretarias Estaduais de Educação e o livro volta a estar disponível para os alunos de Ensino Médio”, diz trecho da publicação.
No início de março, o governo do estado do Paraná optou por retirar os exemplares das escolas estaduais de ensino médio. Embora reconhecesse a importância da temática do livro para o contexto educacional, a Secretaria Estadual de Educação considerou que algumas expressões e cenas presentes na obra não são adequadas para menores de idade.

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Livro “O avesso da pele”.
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Publicado em 2020, o romance está inserido no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
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A obra O Avesso da Pele, vencedor do Prêmio Jabuti 2021 e escrito por Jeferson Tenório, foi parar entre os 10 livros mais vendidos da Amazon Brasil após ser vítima de censura
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O mesmo aconteceu em Goiás. A Secretaria de Estado da Educação determinou o recolhimento do livro “O Avesso da Pele” das escolas estaduais por conter expressões, jargões e cenas de sexo consideradas inadequadas para menores de 18 anos. Na época, a pasta afirmou que o material seria analisado conforme a proposta pedagógica do currículo estadual.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação de Goiás, “o livro passou por uma análise da equipe pedagógica” e, após a análise do conteúdo, “foi destinado para as escolas que atendem estudantes do Ensino Médio e para os Centros de Educação de Jovens e Adultos, passando a compor o acervo das bibliotecas das unidades escolares que atendem a estes públicos”.
Entenda a polêmica envolvendo o livro “O Avesso da Pele”
A obra “O Avesso da Pele”, do escritor Jeferson Tenório, foi envolvida em uma polêmica após a diretora de uma escola estadual de Santa Cruz (RS), identificada como Janaína Venzon, pedir ao Ministério da Educação (MEC) o recolhimento dos exemplares distribuídos para alunos do ensino médio, alegando “vocabulário de baixo nível” e “vulgaridade” de termos utilizados na história.
A diretora em questão expôs em um vídeo nas redes sociais trechos do livro que considerou inapropriados, desencadeando uma série de reações políticas e sociais. Os defensores da obra afirmam que a educadora descontextualizou as passagens para gerar polêmica.
No vídeo, Venzon aponta passagens do livro que retrata questões raciais e sexuais. Parlamentares conservadores de direita, como a deputada estadual Kelly Moraes (PL-RS) e os deputados federais Zé Trovão (PL-SC), Marcelo Moraes (PL-RS) e Bia Kicis (PL-DF), associaram a adoção do livro à gestão atual do Ministério da Educação e ao PT.
Contudo, o livro foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio de portaria publicada em setembro de 2022, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Antes disso, a obra passou por uma seleção publicada em edital de 2019, também durante o governo Bolsonaro
Sobre o livro “O Avesso da Pele”
O livro “O Avesso da Pele”, do autor Jeferson Tenório, mergulha nas complexidades da condição humana. Publicado em 2020, o romance está inserido no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

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Jeferson Tenório, autor de “O avesso da pele”
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Jeferson Tenório.
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Livro foi publicado em 2020 pela editora Companhia das Letras
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O enredo explora temas como identidade, racismo, sexualidade, e as nuances da existência humana. A obra recebeu o prêmio Jabuti, considerado o mais tradicional prêmio literário do Brasil, em 2021.