Vice do BC Europeu critica Trump e vê incerteza maior que na pandemia

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), o espanhol Luis de Guindos, afirmou que o mundo vive um período de incerteza econômica maior do que durante o auge da pandemia de Covid.

Em entrevista publicada neste domingo (16/3) pelo jornal britânico The Sunday Times, o dirigente da autoridade monetária europeia fez críticas ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem impondo uma série de tarifas comerciais a diversos países da União Europeia (UE).

“Precisamos considerar a incerteza do ambiente atual, que é ainda maior do que durante a pandemia. O que estamos vendo é que a nova administração dos EUA não está muito aberta a continuar com o multilateralismo, que é sobre cooperação entre jurisdições e encontrar soluções comuns para problemas comuns”, disse Guindos. “Esta é uma mudança muito importante e uma grande fonte de incerteza no mundo.”

De acordo com estimativas do BCE, a economia do bloco deve registrar um crescimento tímido em 2025, de apenas 0,9%.

“Os salários reais aumentaram, a inflação está diminuindo, as taxas de juros estão caindo e as condições de financiamento estão melhores. Mas, ainda assim, a realidade é que o consumo não está aumentando”, observou o vice-presidente do BCE.

“A possibilidade de uma guerra comercial ou de um conflito geopolítico mais amplo tem um impacto na confiança do consumidor”, explicou Guindos.

Na última quinta-feira (13/3), Trump usou a sua rede Truth Social para ameaçar taxar em 200% os produtos alcoólicos importados da UE caso o bloco de países não retire as tarifas aplicadas como retaliação aos EUA.

“A União Europeia, uma das autoridades tributárias e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo, que foi formada com o único propósito de tirar vantagem dos Estados Unidos, acaba de aplicar uma tarifa desagradável de 50% sobre o uísque”, escreveu Trump.

“Se essa tarifa não for removida imediatamente, os EUA em breve aplicarão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos saindo da França e outros países representados na UE. Isso será ótimo para os negócios de vinho e champanhe nos EUA”, completou.

Investimentos em defesa

Na entrevista, o dirigente do BCE, que já foi ministro da Economia da Espanha, defendeu mais investimentos dos governos europeus na área de defesa, em meio à escalada da tensão geopolítica no continente e em todo o mundo.

“Esta é certamente uma decisão na direção certa”, classificou o espanhol. “Provavelmente, será algo positivo para o crescimento e terá um impacto limitado na inflação.”

Inflação

Ainda segundo o vice-presidente do BCE, a inflação na Europa está caminhando rumo à meta anual de 2% “no fim deste ano ou no início do próximo”.

“Todos os indicadores de serviços e inflação subjacente estão se movendo na direção certa”, concluiu.

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