Justiça volta a debater destino do elefante Sandro, do Zoo de Sorocaba

São Paulo — O destino do elefante Sandro voltou a ser discutido na Justiça após uma perícia judicial apontar problemas na infraestrutura no Zoológico “Quinzinho de Barros”, em Sorocaba, interior de São Paulo, onde o animal vive.

O laudo aponta que as condições de infraestrutura do local seriam insuficientes para garantir boas condições de vida para o elefante.

Há quatro anos, entidades dos direitos dos animais e o Ministério Público estadual (MPSP) entraram com um pedido de transferência do animal para um um Santuário de Elefantes Brasil (SEB), no Mato Grosso do Sul.

À época, contudo, o pedido foi negado sob o argumento que a transferência poderia representar um risco à saúde de Sandro devido à sua idade. No início deste ano, contudo, a permanência do animal no zoológico voltou a ser questionada.

Com idade estimada de 55 anos, Sandro começou a ter sua transferência requisitada após a morte da sua companheira Haisa em 2020. À época, a morte da elefanta levantou questionamentos sobre questões de estrutura do local e o possível isolamento de Sandro.

Na petição de 2022, o promotor de Justiça Jorge Marum, argumentava que os elefantes se encontravam em local inadequado e exposto à constante visitação de estranhos, quadro que pode ter causado as doenças e a morte de Haisa.

Para o promotor, zoológicos em geral “não atendem às necessidades de animais selvagens de grande porte no que tange ao espaço a eles destinados, bem como a estrutura que lhes permitam desfrutar de um ambiente o mais próximo possível ao seu habitat natural”.

Em nota ao Metrópoles, a Prefeitura de Sorocaba,  responsável pela administração do zoológico, disse que “questiona o conteúdo do laudo pericial relizado” e “defende a manutenção do elefante no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros.

Segundo a gestão, “o Zoo de Sorocaba é adequado e melhorias no recinto estão sendo providenciadas pela Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) para tornar o espaço ainda melhor para garantir o bem-estar do animal”.

Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) afirmou que o processo é prioridade, “mas a questão é complexa”  por envolver a transferência de um elefante idoso a mais de 1200 quilômetros, “de modo que é necessária especial atenção em todas as medidas de segurança no deslocamento terrestre, na alimentação e nos cuidados com a saúde”.

“Esses pontos serão todos bem analisados diante da prova técnica, que está em fase de realização por veterinário, para que seja possível avaliar o quadro com seriedade e adotar-se a melhor decisão,” completa o TJSP.

Chimpanzés

O zoológico de Sorocaba já respondeu a uma outra ação de transferência de animais envolvendo um casal de chimpanzés Kelly e Paulino. Essa ação, de 2021, requisitava que os primatas fossem levados ao Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba após ter sido registrado a fuga de um deles em 2020.

Os chimpanzés teriam sido adquiridos após um outro primata, o Chimpanzé Black, ter sido transferido do zoológico para o Santuário de Grandes Primatas após uma decisão judicial que acusava o seu isolamento no zoológico O animal faleceu menos de um ano depois da mudança.

No processo de transferência de Kelly e Paulino, a Prefeitura argumentou que “não há comprovação de que a manutenção de Kelly no Zoológico Municipal resulte em qualquer tipo de maus-tratos ou prejuízo ao bem-estar do animal” e que “a transferência solicitada e baseada em argumentos ideológicos, e não em evidências concretas de condições inadequadas”.

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