“Experimento animal”, diz psicólogo suspeito de ritual com gatos. Ouça

O psicólogo morador do Distrito Federal investigado por praticar experimentos com gatos cinzas de pelagem rajada confessou, em mensagens de áudio enviadas a protetoras de animais, que já trabalhou com “experimentação animal”. Pablo Stuart Fernandes Carvalho (foto em destaque), de 30 anos, falou também que tinha interesse em “adestrar” os felinos.

Em junho de 2024, Pablo abordou uma cuidadora e disse que gostaria de adotar um gato cinza tigrado. Ele disse que tinha facilidade para lidar com felinos e que possuía “uma relação especial com animais”.

Ouça:

“No estágio obrigatório da faculdade, eu trabalhei no laboratório da faculdade com experimentação animal, especificamente de Wistar, aqueles ratinhos brancos de laboratório. Então, eu vivenciei muita coisa, adquiri consciência de muita coisa”, afirmou o psicólogo à época.

“Ainda tem muito para fazer sobre experimentação animal. Na parte dos cosméticos, avançaram bastante; experimentação animal para didática não é mais permitida, vários laboratórios foram fechados aqui em Brasília e no resto do país, mas tem muita coisa para ser feita. A experimentação com eletrodos, com choque, também foi bloqueada. [A experimentação animal] avançou muito, mas ainda tem muita coisa para ser feita”, comentou Pablo.

Em seguida, o psicólogo fala sobre adestramento de gatos. “A Hela [nome de uma gata], a gente está adestrando ela. […]. A questão da guia, de saber andar junto, próximo… até para ela ter uma certa qualidade de vida, porque, querendo ou não, caminhar um pouco faz bem para o gato, que fica às vezes muito isolado em casa.”

Versões conflitantes

Sempre que ia adotar um novo gato, Pablo dizia que os felinos anteriores haviam fugido. Na quarta-feira passada, no entanto, ele alegou a uma protetora que teve um surto psicótico e deixado alguns deles fugirem. “Fiquei com muita raiva, quebrei notebook, pia de banheiro, televisão. E aí eu abri a porta, e saíram todos”, disse.

Veja imagens dos animais adotados por ele:

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Depois, o psicólogo falou que, na verdade, teria abandonado os bichinhos em uma região de mata em Ceilândia. “Peguei eles, coloquei em uma caixa de transporte, levei eles para Ceilândia e soltei eles na Ceilândia, para não fazer qualquer mal a eles.”

Ouça:

O que aconteceu

  • Pablo Stuart Fernandes Carvalho, 30 anos, tentou adotar um gato de uma protetora pela primeira vez em julho de 2024. Ele disse à época que gostava de estudar comportamento animal e que havia feito alguns experimentos. Chegou a oferecer ajuda financeira à cuidadora, que, desconfiada, não doou.
  • Dois meses depois, conseguiu a primeira adoção e levou dois gatos tigrados para casa.
  • A partir daí, ele iniciou uma sequência de adoções: em outubro, adotou três; em novembro, dois; em dezembro, mais três; em janeiro deste ano, mais um; em fevereiro, dois.
  • Desconfiadas de tantos pedidos específicos — Pablo só queria gatos rajados na cor cinza —, as protetoras se reuniram para conversar entre si a respeito. Decidiram, então, levar o caso à Polícia Civil.
  • No último dia 12, a PCDF foi na casa de Pablo e encontrou apenas um gato, o Joey, que não constava na lista de adoções anteriores. Ele estava com a pata quebrada.
  • No dia seguinte, Pablo foi intimado a depor na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA). Orientado pelo seu advogado, ficou em silêncio.
  • Nessa segunda-feira (17/3), o delegado-chefe da DRCA, Jônatas Silva, pediu o indiciamento de Pablo pelo sumiço de três dos gatos adotados.
  • As investigações seguem. Ainda não se sabe que tipo de experimento o psicólogo fazia com os gatos, tampouco se ele agia sozinho.

O delegado-chefe da DRCA, Jônatas Silva, afirma ao Metrópoles que é cedo para divulgar hipóteses sobre o paradeiro dos gatos, mas lamenta pela baixa possibilidade de os bichinhos ainda estarem vivos.

Vaquinha

Como dito acima, um dos 15 gatos adotados por Pablo foi salvo pela PCDF. O Joey, no entanto, estava com a pata quebrada, e as protetoras levaram o bichano para uma cirurgia de emergência.

Agora as cuidadoras pedem ajuda para arcar com os custos, já que foram pegas de surpresa. “A cirurgia ortopédica do Joey custará em torno de R$ 4,1 mil, e ele precisa da sua ajuda para que possa ser operado”, afirmam.

Para quem quiser ajudar com doações, o Pix é: [email protected]. A conta é da instituição Mercado Pago, em nome de Andréa B. S. P. Campos. “Qualquer contribuição faz a diferença.”

Defesa

Em nota, a defesa de Pablo Stuart Carvalho afirma que são “veementemente falsas as acusações relacionadas aos supostos maus-tratos dos gatos”. “Além disso, são rigorosamente falsas as acusações relacionadas a qualquer tipo de ritual ou experimento”, complementa.

O advogado Carlos Duarte, responsável pela defesa do psicólogo, afirma que os gatos fugiram porque, “em determinado dia”, Pablo teve “problemas relacionados ao seu quadro de depressão e não percebeu que os gatos fugiram”. “Mesmo após procurar os animais, [o suspeito] não conseguiu recuperá-los.”

“Por fim, o psicólogo sente profundo pesar pelo fato dos gatos terem fugido, mas reitera que jamais maltrataria qualquer animal e se coloca à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos”, encerra o advogado.

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