Quando Eduardo Bolsonaro, o covardão, ameaçou fechar o STF

Aconteceu no dia 9 de julho de 2018, a menos de três meses do primeiro turno das eleições daquele ano, quando o então deputado federal Eduardo Bolsonaro dava uma palestra em um cursinho de Cascavel, no Paraná, para matriculados que desejavam ingressar na Polícia Federal. Um deles perguntou-lhe:

– Haveria possibilidade de o Exército intervir se o Supremo Tribunal Federal tentasse impedir que Jair Bolsonaro assumisse a presidência da República?

Eduardo respondeu de bate-pronto:

– Aí já está caminhando para um estado de exceção. O STF vai ter que pagar para ver e aí vai ser ele contra nós. Se o STF quiser arguir qualquer coisa, sei lá, recebeu uma doação ilegal de R$ 100 do José da Silva, pô, impugna a candidatura dele. Não acho improvável, mas vai ter que pagar para ver.

E foi em frente:

– Cara, se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não. O que é o STF? Tira o poder da caneta de um ministro. Se prender um ministro, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF, milhões na rua?

A palestra foi gravada em vídeo e compartilhada no canal do cursinho. O próprio Eduardo, no dia 21 de outubro, a uma semana do segundo turno, postou o vídeo em sua conta no antigo Twitter. Então seu pai, praticamente eleito àquela altura, sentiu cheiro de enxofre e saiu em socorro de si mesmo e do filho desastrado:

– Alguém tirou [a fala] do contexto. Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra.

Eduardo foi unanimemente criticado. Disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

– As declarações do deputado Eduardo Bolsonaro merecem repúdio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição.

Fernando Haddad, candidato do PT, mas ciente da derrota próxima, bateu sem piedade:

– Bolsonaro é um chefe de milícia e os filhos dele são milicianos, são capangas. Não se controla esse tipo de violência. O medo de quem tem juízo só cresce, só quem está anestesiado não tem medo.

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, cunhou uma frase que ficaria famosa:

– Vivemos tempos sombrios.

Ainda não vivíamos. Passaríamos a viver com a posse de Bolsonaro em 1º de janeiro de 2019 e com o que se seguiu.

O mais ideológico dos filhos de Bolsonaro, sob a desculpa de que o ministro Alexandre de Moraes o persegue e ao seu pai, anunciou que se licenciará do mandato. Embarcará para os Estados Unidos, onde se sente seguro. São dois fujões covardes. Foi dos Estados Unidos que Bolsonaro assistiu ao golpe de 8 de janeiro.

Eduardo tem como missão preparar mais uma fuga de Bolsonaro se Donald Trump garantir-lhe asilo político. Patriota que bate continência a pneu compreenderá o gesto extremo do filho em defesa do pai.

 

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