O que fazer após ser picado por uma aranha peçonhenta?

As picadas de aranhas podem provocar dor, inchaço e vermelhidão, mas nem sempre colocam em risco a saúde humana. O problema está relacionado com os aracnídeos peçonhentos, ou seja, aqueles cujo veneno causa reações mais graves nas pessoas. Por isso, é preciso buscar ajuda e saber identificar quem provocou o ataque. 

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No Brasil, apenas três gêneros de aranhas causam reações graves em decorrência da picada, o que inclui a aranha-marrom, a aranha-armadeira e a viúva-negra. Nestes casos, o paciente pode precisar de algum soro antiveneno — como o soro antiaracnídico ou o soro antilatrodéctico —, durante o tratamento. Isso evita necroses.

Aranhas peçonhentas no Brasil

Segundo a médica do Hospital Vital Brazil (HVB), vinculado ao Instituto Butantan, Ceila Malaque, os três gêneros de aranhas mais relacionados com complicações graves após a picada, no Brasil, são:


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  • Aranhas do gênero Phoneutria, podendo ser chamadas de aranha-armadeira, aranha-macaco ou aranha-de-bananeira;
  • Aranhas do gênero Loxosceles, o que inclui a aranha-marrom ou aranha-violino;
  • As aranhas do gênero Latrodectus, chamada popularmente de viúva-negra ou flamenguinha.

Dos três gêneros de aranhas, apenas as espécies que pertencem ao Loxosceles não são classificadas como agressivas, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa que o risco de uma pessoa ser picada só ocorre, por exemplo, quando o aracnídeo é pressionado contra o corpo da vítima.

Onde buscar ajuda após picada de aranha?

Na maioria dos casos, a pessoa picada por uma aranha não sabe identificar a espécie e nem o gênero. Então, o ideal é procurar um médico em caso de suspeita ou mesmo de confirmação. 

Dependendo da cidade em que a pessoa reside, é possível buscar orientação e tratamento em um hospital referência em soroterapia — a lista completa está disponível no site do Ministério da Saúde.

Se não há nenhum centro no seu município e a situação é de emergência, a pasta recomenda entrar em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) ou com o Corpo de Bombeiros (193).

Como identificar a aranha?

A identificação das aranhas normalmente é feita por profissionais. Então, a pessoa picada pode tentar prender o aracnídeo, de forma segura, ou fazer uma foto nítida do espécime em questão.

Após picada de aranha, é preciso identificar a espécie e buscar ajuda médica (Imagem: Nelsonart/Envato)

“Trazer a aranha em um pote, ou conseguir registrá-la em uma foto bem focada, ajuda a encontrar um nexo causal do acidente. É fundamental saber qual aranha que causou a picada. Por isso é importante capturá-la e levá-la para a avaliação médica, para evitar erros na conduta”, afirma Malaque, em nota.

Atenção! Fotos da internet não servem para a identificação. Algumas espécies têm diferenças sutis, não perceptíveis por leigos. Isso pode atrasar o diagnóstico correto, aumentando o risco de complicações, como a necrose. 

O que fazer quando não se sabe a espécie da aranha?

Se não foi possível capturar a aranha e nem tirar uma foto, a equipe médica vai definir o tratamento a partir de uma investigação do acidente com a aranha peçonhenta.

Nessa hora, algumas perguntas recorrentes são:

  • Quando aconteceu a picada de aranha?
  • Onde a pessoa estava quando foi picada?
  • O que o indivíduo sentiu imediatamente após ser picado?
  • Os sintomas mudaram com o tempo?

“Com essas características e alguns exames de sangue, conseguimos montar um quadro e avaliar se é mais compatível com as aranhas do gênero Phoneutria, Loxosceles ou Latrodectus”, explica a médica. 

Sintomas da picada de aranha

Os sintomas de picada da aranha variam conforme o gênero. Em outras palavras, alguns indicadores são específicos de cada grupo de aracnídeo, já que eles produzem venenos e toxinas diferentes entre si. 

1. Viúva-negra

A aranha viúva-negra é uma das aranhas peçonhentas encontradas no Brasil (Imagem: Ken-ichi Ueda/CC-BY-4.0)

Segundo a especialista, a picada da aranha viúva-negra pode provocar no paciente os seguintes sintomas:

  • Ponto avermelhado no local da picada da aranha;
  • Dor intensa, ardência e queimação;
  • A dor pode se espalhar pelo corpo, em alguns pacientes;
  • Tremedeiras, espasmos;
  • Náuseas;
  • Contratura abdominal;
  • Sudorese;
  • Aumento da frequência respiratória e ansiedade.  

Dependendo da intensidade da dor, os médicos podem recorrer a diferentes tipos de analgésicos. Em paralelo, o soro antilatrodéctico vai ser indicado para quadros sistêmicos de envenenamento. 

2. Aranha-armadeira

Em caso de picada da aranha-armadeira, pode ser indicado o soro antiaracnídico (Imagem: Thomas Fuhrmann/CC-BY-4.0)

Os sintomas mais comuns da picada da aranha-armadeira incluem:

  • Dor imediata, podendo ser leve, moderada ou muito intensa;
  • Vermelhidão e inchaço no local da picada;
  • Vômitos e sudorese;
  • Edema pulmonar, em casos mais graves. 

Para tratar, os médicos vão primeiro tentar o alívio da dor com remédios. Se não passar, é indicado a aplicação do soro antiaracnídico. Em crianças, o soro costuma ser aplicado imediatamente.

3. Aranha-marrom

Picada da aranha-marrom pode causar necrose em 3 dias, quando não é tratada (Imagem: Francisco Corado Rivera/Pixabay)

Vale destacar que, apesar do nome aranha-marrom, ela pode ser avermelhada. Em caso de picada, a pessoa costuma relatar: 

  • Dor leve a moderada no local da picada;
  • Formação de uma lesão arroxeada e dolorida nas primeiras 24 horas após a picada;
  • A lesão pode evoluir para necrose em três dias, quando não há tratamento;
  • Anemia (perda de ferro no sangue);
  • Icterícia (a pele e o “branco dos olhos” ficam amarelados);
  • Insuficiência renal.

Na maioria dos casos, o tratamento consiste do uso do soro antiaracnídico. Ele pode ser aplicado mesmo dias após a picada, ajudando na recuperação e prevenindo a necrose.

Onde as aranhas ficam escondidas?

A maioria das aranhas que vivem na cidade não são peçonhentas. Apesar disso, existem alguns padrões de comportamento que elas adotam dentro das residências que vale ficar atento. 

Por exemplo, as aranhas Phoneutria e Loxosceles buscam o interior de armários e depósitos com restos de materiais de construção como refúgios Enquanto isso, as espécies do gênero Latrodectus ainda vivem mais em áreas abertas, dentro das suas teias.

Independente do tipo, o mais indicado é sempre evitar esses aracnídeos. Afinal, um erro na identificação pode ter consequências graves para a saúde.

Leia a matéria no Canaltech.

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