Justiça torna réus 4 militares por furto de armas em Arsenal de Guerra

São Paulo — A Justiça Militar tornou réus oito pessoas por envolvimento no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana, em setembro do ano passado — entre elas, o ex-diretor da unidade, tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. Foram aceitas denúncias contra quatro militares e quatro civis.

As denúncias separam os réus que tiveram participação direta daqueles com atuação indireta no crime. Entre os diretamente envolvidos estão os cabos o Vagner da Silva Tandu, de 23 anos, e o cabo Felipe Ferreira Barbosa, que são amigos. Os dois tiveram a prisão decretada na sexta-feira (23/2).


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A Justiça considerou que o tenente-coronel Batista e um primeiro-tenente tiveram participação indireta, por inobservância de lei, regulamento ou instrução. Quatro civis foram denunciados por receptação — pelo menos um deles é ligado ao Comando Vermelho (CV) e atuou no sentido de oferecer o armamento à facção criminosa.

As informações, divulgadas pelo G1, foram confirmadas pelo Metrópoles.

O inquérito sobre o escândalo no Arsenal de Guerra foi concluído no último dia 16 e encaminhado à Justiça Militar, que aceitou as denúncias dias depois.

De acordo com as investigações, o desvio do armamento de guerra ocorreu entre os dias 5 e 8 de setembro, mas só foi percebido mais de um mês depois, no dia 10 de outubro, durante uma inspeção no quartel.

A partir daí, o inquérito policial militar foi aberto. Três dias depois, o caso veio a público em reportagem do Metrópoles e ganhou repercussão nacional. Até hoje, duas metralhadoras antiaéreas ainda não foram recuperadas.

Militares envolvidos

Desde o início das investigações, o Exército admitiu a possibilidade de envolvimento de militares no caso. Eles teriam atuado no sentido de facilitar a retirada das armas do quartel. Foram 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7.62, que perfuram veículos blindados.

O inquérito apontou que Vagner Tandu, que era motorista do coronel Batista, então comandante do Arsenal, tirou o armamento do quartel na caminhonete do oficial. Ele teve a ajuda do cabo Felipe Barbosa, que teria apoiado a desligar as câmeras, desativar alarmes e romper o lacre do depósito em que estava o armamento.

Depois que as armas foram retiradas, Felipe Costa teria restabelecido o sistema de segurança e colocado um novo lacre na porta do depósito.

As armas, então, teriam sido negociadas com o CV por meio dos quatro civis denunciados. A facção criminosa, no entanto, não se interessou pelas metralhadoras.

Duas armas desaparecidas

Até o momento, 19 metralhadoras foram recuperadas – dez no Rio (em ocorrências diferentes na comunidade Gardênia Azul e na Praia da Reserva, ambas na zona oeste da cidade) e nove em São Roque, no interior paulista. As duas armas que ainda não encontradas são as de calibre .50.

O escândalo provocou a troca no comando do Arsenal. O tenente-coronel Batista, agora denunciado, foi exonerado em novembro do cargo de diretor e passou a cumprir funções burocráticas na 2ª Região Militar, na sede do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.

Procurado pelo Metrópoles para comentar as denúncias, o Comando Militar do Sudeste informou apenas que “o Inquérito Policial Militar foi finalizado no dia 16 de fevereiro e encaminhado à Justiça Militar da União, que determinou a manutenção do sigilo”.

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