
O Vistas Sambaqui, hotel de luxo que teve a construção embargada na última quinta-feira (3), em Florianópolis, prometia exclusividade e serviços de alto padrão. Conforme a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), o empreendimento foi autuado por crime ambiental.

Obra prevê lofts de alto padrão no hotel de luxo – Foto: Vistas Sambaqui/Divulgação/ND
O negócio funciona no modelo propriedade compartilhada, o que significa que é necessário pagar uma cota para ser dono de um dos lofts. Cada imóvel terá um proprietário, mas o empreendimento funcionará como um hotel de luxo.
Todo o empreendimento será gerenciado como um hotel pela empresa administradora do negócio. Conforme informações divulgadas por corretores que vendem as cotas de cada loft, quem se hospedar no local terá acesso a luxos como mordomo, concierge, mensageiro, tripulação de lancha, manobrista e restaurante.
Em julho de 2024, uma cota de loft no local ustava a partir de R$ 155 mil. As redes sociais do empreendimento não divulgaram quanto custaria se hospedar no hotel de luxo com vista para a praia do Sambaqui, mas informaram que, a cada uma semana hospedado, o cliente ganha um passeio de lancha pela Ilha de Santa Catarina.
Obras de hotel de luxo foram embargadas por crime ambiental
Fotos mostram que boa parte da vegetação da encosta havia sido desmatada e metade da construção já havia começado. A Floram autuou a construção de alto padrão por crime ambiental.
Conforme a denúncia dos moradores, a lama gerada pela obra do hotel de luxo — gerada após a retirada da mata nativa — escorreu para moradias do bairro e chegou até a praia.
“A construção irregular causou a supressão de mata nativa e, por consequência, deixou o solo desprotegido na região. Nesse cenário, nos dias de chuva, o solo começou a escorrer para áreas habitadas, chegando até a região de praia, segundo relatos dos moradores”, informou a nota da Floram.
Segundo o órgão, as infrações cometidas pela obra são consideradas “graves”. Conforme a fiscalização, a construção realizou o corte da vegetação sem autorização e a continuidade da obra ocorreu sem o licenciamento ambiental apropriado.
O que diz a empresa procurada pela reportagem
A reportagem entrou em contato com a empresa Cypra Home View SPE LTDA, que foi autuada e seria responsável pela construção do hotel.
Em nota, a empresa informou que “o local escolhido para a construção não possui qualquer tipo de restrição ambiental que lhe inviabilize. Pelo contrário, a escolha levou em conta a menor interferência possível no imóvel. As edificações foram projetadas para ficarem bastante recuadas e preservarem integralmente as áreas de proteção permanente das imediações”.
A nota ainda segue explicando que “a obra é de porte modesto; consiste em 25 unidades, com áreas de aproximadamente 54 m2. Ocupa aproximadamente 7% do terreno, bem menos do que os 15% autorizados pelo Plano Diretor”.
De acordo com a Cypra Home View, a empresa ainda não teve acesso aos documentos da Floram sobre os motivos detalhados do embargo. Ainda assim, a construtora considera o embargo como uma providência normal, “tomada dentro da mais absoluta normalidade e está certa de que, após os esclarecimentos cabíveis, o órgão ambiental dará o encaminhamento mais adequado para a questão, culminando com a autorização de retomada da obra”.
A reportagem também entrou em contato com a Atlantica Hospitality International, administradora do empreendimento e responsável pelos serviços do hotel de luxo. A empresa não respondeu até a publicação desta matéria.