Prefeito que vai distribuir ovos na Páscoa chama povo de “clientela”

São Paulo — O prefeito de São Caetano do Sul, Tite Campanella (PL), chamou a “população carente” do município de “clientela”. A fala ocorreu em vídeo publicado na segunda-feira (7/4) nas redes sociais do chefe do Executivo da cidade da região metropolitana de São Paulo.

A publicação foi feita para promover a “1ª Páscoa da Família”, que o prefeito chamou de “o maior evento social que já foi feito na cidade”. No próximo sábado (12/4), serão distribuídos ovos de chocolate de Páscoa, com suspeita de sobrepreço, segundo relatório do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A Prefeitura disse que não recebeu oficialmente o parecer.

“Estudo comparativo de preços de mercado revela que o custo dos kits contratados é significativamente superior ao valor de mercado, configurando sobrepreço”, escreveu o promotor Goiaci Leandro Azevedo Júnior.

Os ovos de Páscoa serão distribuídos com colombas pascais, caixas de bombons sortidos e bolsas térmicas personalizadas. A compra dos kits de Páscoa custou R$ 2,9 milhões e, segundo levantamento apresentado em denúncia encaminhada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o preço de mercado é de R$ 1,6 milhão.

O vídeo publicado nas redes sociais foi gravado após uma reunião do prefeito com os voluntários que “vão nos ajudar agora no próximo sábado a distribuir mais de 13 mil ovos de Páscoa para a população necessitada, a população carente de São Caetano do Sul”.

“Além da distribuição desses ovos de Páscoa, nós teremos também o sorteio de vários brindes: geladeira, televisão, notebook, air fryer, uma série de coisas que nós recebemos em doação e que a gente vai estar distribuindo para nossa população, para essa clientela que a gente tem aqui de São Caetano do Sul”, disse o prefeito.

Nas redes sociais há comentários reagindo ao anúncio da distribuição de chocolates. Uma das reclamações da população é que os indícios de compra dos ovos de Páscoa para além do preço de mercado ocorrerá no mesmo mês em que as Unidades Básicas de Saúde (UBS), com exceção da UBS Maria Corbeta Segato, reduziram o horário de funcionamento para até as 17h, de segunda a sexta.

“Baixa procura não, né? Baixa vontade de atender porque, por mais de uma vez, fui à UBS após às 17h e fui sempre persuadida a voltar no dia seguinte”, diz uma cidadã que comentou a publicação. Outra moradora diz que a medida irá sobrecarregar o Pronto Socorro “que já é de fluxo intenso sempre”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.