EUA e Irã retomam as discussões sobre o programa nuclear iraniano

O Irã e os Estados Unidos iniciaram neste sábado (19/4), em Roma, uma nova sessão de negociações sobre o programa nuclear de Teerã. As discussões são retomadas uma semana após uma primeira rodada de conversas entre os dois países, em um encontro considerado “construtivo”.

Washington e Teerã têm relações diplomáticas rompidas desde a Revolução Islâmica de 1979. A reunião na capital italiana é moderada por um representante do sultanato de Omã.

Participam das negociações o ministro das Relações Exteriores do Irã e principal negociador nuclear, Abbas Araqchi, e o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Eles trocam mensagens indiretamente por meio de uma autoridade em Omã, informaram as fontes iranianas.

Em Roma, as negociações acontecem na residência do embaixador de Omã, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghai, à emissora estatal. “As duas delegações estão em salas separadas e o ministro de Omã transmite (a cada um) as mensagens das partes”, detalhou.

O Irã e os Estados Unidos não realizam negociações desde 2015. Mas na semana passada Araqchi e Witkoff trocaram mensagens brevemente no final de uma sessão inicial de conversas realizadas em Omã.

Trump esvaziou acordo

A comunidade internacional teme que o Irã, por meio de seu programa de enriquecimento de urânio, esteja tentando construir uma bomba atômica. Teerã rejeita as acusações e defende seu direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado com a comunidade internacional. Na época, Teerã havia concordado em diminuir suas atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica. Mas em 2018, durante seu primeiro mandato, o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos de um compromisso e, desde então, os esforços para retomar o diálogo fracassaram.

Teerã cumpriu o acordo até a retirada de Washington, mas depois começou a desvincular-se de seus compromissos. Desde então, os esforços para retomar o acordo de 2015 fracassaram.

Bomba nuclear “não está longe”

O organismo responsável por verificar o caráter pacífico do programa é a AIEA, cujo diretor-geral visitou Teerã esta semana. Antes da viagem, o diplomata argentino Rafael Grossi afirmou em uma entrevista ao jornal francês Le Monde que o Irã “não está longe” de conseguir a arma nuclear. “Estamos em uma fase crucial das negociações importantes. Sabemos que temos pouco tempo”, declarou Grossi em Teerã.

Desde a saída dos Estados Unidos do acordo de 2015, o Irã se distancia do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% fixado por este pacto, que também foi assinado por Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.

Segundo o relatório mais recente da AIEA, o país dispõe de urânio enriquecido a 60%, aproximando-se dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear.

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