Guerra comercial fará o mundo crescer menos em 2025 e 2026, diz FMI

Em meio à guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China e mais de uma centena de países do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) diminuiu suas estimativas para o crescimento da economia global tanto em 2025 quanto em 2026.


O que diz o FMI

  • De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (22/4) pelo órgão, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve fechar este ano registrado uma expansão de 2,8%, ante 3,3% estimados até então.
  • Para 2026, o FMI espera que a economia global tenha alta de 3% – a projeção anterior, divulgada em janeiro, também era de 3,3%.
  • Caso os resultados projetados pelo FMI se confirmem, a economia mundial teria um crescimento abaixo da média histórica verificada no período entre 2000 e 2019, de 3,7% ao ano.
  • Os dados integram a edição de abril do relatório “Perspectivas Econômicas Mundiais” (WEO, na sigla em inglês), divulgado no primeiro dia das chamadas “reuniões de primavera” do FMI e do Banco Mundial, em Washington (EUA).

Tarifas de Trump e incerteza global

No relatório, o FMI destaca a nova política tarifária do governo Trump nos EUA e seus impactos potenciais sobre a economia mundial, que já começaram a ser sentidos.

Mesmo antes do tarifaço de Trump, observa o FMI, as perspectivas já eram as de um crescimento “estável, porém decepcionante”, em meio a “uma série sem precedentes de choques nos anos anteriores” – como a pandemia de Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que segue até hoje.

“No entanto, o cenário mudou à medida que governos ao redor do mundo reorganizam suas prioridades de política econômica”, diz o relatório.

Para o FMI, as tarifas comerciais impostas pelos EUA e as retaliações de outros países representam “um choque negativo significativo para o crescimento”.

“A imprevisibilidade com que essas medidas vêm sendo implementadas também tem um impacto negativo sobre a atividade econômica e as perspectivas, ao mesmo tempo em que torna mais difícil do que o habitual formular premissas que sirvam de base para um conjunto de projeções”, afirma o fundo.

“Posturas políticas divergentes e em rápida transformação ou um agravamento do sentimento de mercado podem desencadear uma reprecificação adicional de ativos, além do que ocorreu após o anúncio das amplas tarifas dos EUA em 2 de abril, bem como fortes ajustes nas taxas de câmbio e nos fluxos de capital – especialmente para economias que já enfrentam dificuldades com dívidas”, prossegue o FMI.

“Isso pode levar a uma instabilidade financeira mais ampla, inclusive com danos ao sistema monetário internacional”, diz o relatório.

PIB dos EUA e do Brasil

No documento divulgado pelo FMI, a projeção para o crescimento da economia dos EUA também foi revisada para baixo – de 2,7% para 1,8% em 2025.

Já para 2026, o FMI estima que a economia norte-americana avance 1,7%, ante 2,1% da projeção anterior do órgão.

No caso do Brasil, o PIB de 2025 e 2026 deve registrar alta de 2%, ante 2,2% projetados anteriormente para os dois anos.

Maior alvo do tarifaço de Trump, a China, segunda maior economia do mundo, deve crescer 4% em 2025 – abaixo da meta de 5% definida por Pequim e também menos que os 4,6% estimados inicialmente pelo FMI.

Em 2026, segundo o fundo, o país asiático deve repetir o crescimento de 4% do PIB, ante 4,5% da estimativa anterior.

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