‘Coachella é um banquete onde se deve provar todos os pratos disponíveis’

Imagine estar diante de um menu degustação preparado por chefs que foram agraciados por uma ou duas estrelas Michelin. Você pode até conhecer um ou outro prato, mas em sua maioria eles são desconhecidos e preparados com ingredientes dos quais você nunca ouviu falar.

Pois o Coachella é a versão musical dessa aventura gastronômica. Criado há quase um quarto de século na cidade de Indio, na California, ele tem como atrativo principal trazer os grandes nomes das mais diferentes vertentes musicais do showbiz. Prince, Beyoncé, Paul McCartneyRage Against the Machine e Madonna, por exemplo,  estão entre os ídolos que passaram nesse clube de polo que por alguns dias se torna a “casa” do festival.

Mas para quem, como eu, já saboreou os mais diferentes festivais ao redor do mundo, o Coachella não se resume a encantar apenas aqueles que estão em busca de shows do primeiro escalão. Os palcos paralelos são um excelente aperitivo para os que procuram outras comidas musicais para a alma. Muitas dessas, aliás, passaram para a refeição principal. Este ano Tyler the Creator, um habitué de edições anteriores, finalmente fez sua estreia como headliner.

Pois aí vai uma dica de quem está indo ao Coachella pela décima primeira vez: prove de tudo, ainda que não seja o estrogonofe de cada dia ao qual você está acostumado. Se permita experimentar o cardápio que é servido diante de seus olhos e principalmente de seus ouvidos.

A edição de 2024 do Coachella foi recebida com ceticismo porque não trouxe os pratos preferidos do público. Mas de modo algum afetou o paladar do fã de música. Porque uma das qualidades de um grande festival –e por aqui eu termino as comparações com a gastronomia– é justamente mostrar ao público as bandas, os cantores e os rappers que ditarão das regras das músicas nos anos seguintes.

Só neste ano eu pude (re)conhecer Britanny Howard (ex-Alabama Shakes) com sua combinação de blues, rock e soul; a rapper Ice Spice e o indie rock dos Bleachers (e juro que nem sabia que Taylor Swift estava na plateia). Pude acompanhar a evolução de Tyler the Creator, que trouxe para o palco uma superprodução à altura de seu talento, e a dupla francesa Justice, que superou muito a performance que conferi no Circo Voador, em 2008.

O No Doubt, que se apresentou no Coachella 2024 (Peter Morgan/Reuters)

Os encontros são um espetáculo à parte. Mesmo porque eles nunca são anunciados previamente para o público. Ou seja, é aquela refeição feita com olhos vendados. E que banquete: Lana Del Rey com Billie Eilish, que também cantou com Childish Gambino, e No Doubt com Olivia Rodrigo. E ainda apostam que Young Marley (o o filho da cantora Lauryn Hill) trará uma reunião dos Fugees.

O lauto jantar do Coachella continua hoje com atrações como Khruangbin, Ludmilla, Folamour, Lil Yatchy, Jhené Alko e Doja Cat.

Ah, sim, a infra-estrutura é à prova de azia. O local do festival  é de fácil acesso, pode-se estacionar dentro do complexo e não há filas imensas para comida e bebida. Além disso, o fato de trazer diversas atrações de ponta num mesmo horário evita a aglomeração. E como elas são de estilos diferentes –por exemplo uma de rock, outra de hip hop, outra de eletrônico–, pode-se assistir aos shows de boa, sem lamentar o show perdido.

Permita-se a degustar tudo o que o Coachella oferece…

*Ricardo Brautigam é Diretor Criativo e Sócio Fundador do Festival Rock the Mountain

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