Brasília – Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá nesta quarta-feira (24) com líderes da Câmara dos Deputados em um jantar na residência oficial do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro ocorre em meio à pressão do Congresso para votar o projeto de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
A proposta de anistia ganhou força após o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, reunir 262 assinaturas para protocolar um pedido de urgência na votação. O requerimento precisava de 257 apoios para ser aceito.
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Estratégia de aproximação
O jantar marca mais uma tentativa do Palácio do Planalto de se reaproximar do Legislativo. Recentemente, houve uma troca no comando da Secretaria de Relações Institucionais, com a saída de Alexandre Padilha e a entrada de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. A mudança visa fortalecer os canais de diálogo com as bancadas e evitar derrotas em temas sensíveis.
Lula já havia adotado estratégia semelhante no início do mês ao visitar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em sua residência oficial. Na ocasião, buscou suavizar o ambiente com os senadores e abrir espaço para negociações mais diretas.
Divisões internas
A proposta de anistia tem gerado divisões entre parlamentares e provocado reações no Judiciário e entre membros do governo. Aliados de Lula demonstram preocupação com os possíveis efeitos jurídicos e políticos de uma medida que pode beneficiar inclusive figuras já condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento nos ataques à sede dos Três Poderes.
Apesar de não haver confirmação oficial sobre a posição de Lula no debate da anistia, interlocutores próximos afirmam que o presidente está atento ao desgaste institucional que o tema pode gerar. O jantar desta quarta-feira deve servir como termômetro para medir a disposição da base governista e da oposição em relação ao assunto.
Recomposição ministerial
O encontro também ocorre em um momento de redefinição do espaço partidário dentro do governo. Recentemente, o Planalto ameaçou retirar o Ministério das Comunicações do União Brasil, caso o partido insista em recusar a pasta — sinalizando que a recomposição ministerial continua em negociação paralela à pauta da anistia.
Com o novo gesto de aproximação, Lula busca consolidar apoio no Congresso sem abrir mão de sua autoridade sobre temas que desafiam os pilares democráticos. A reação à proposta de anistia promete acirrar ainda mais os debates políticos nas próximas semanas.
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