INSS: quem é Frei Chico, irmão de Lula ligado a sindicato investigado

O nome de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, está no noticiário após a deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que investiga um esquema de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Aos 83 anos, ele é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do Brasil (Sindnapi), uma das entidades apontadas como envolvidas no esquema. Apesar de não ser investigado diretamente, Frei Chico passou a ter sua trajetória relembrada em meio à repercussão do caso.

Irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Frei Chico tem uma longa atuação no movimento sindical e nos bastidores da política operária. Nascido em Caetés, no interior de Pernambuco, foi o primeiro da família Silva a migrar para São Paulo.

Trabalhando como soldador, envolveu-se com o sindicato dos metalúrgicos do ABC na década de 1960. Em 1969, incentivou Lula, então operário em São Bernardo do Campo, a participar das reuniões sindicais — um passo decisivo na formação política do futuro presidente.

Por conta de regras do sindicato à época, Frei Chico não pôde integrar a diretoria, já que sua empresa já possuía um representante. Foi ele quem indicou Lula como suplente, dando início à trajetória política do irmão.

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Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS

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Frei Chico, irmão de Lula

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Durante o regime militar, Frei Chico militava pelo clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1975, foi preso e torturado pelo DOI-CODI, órgão de repressão da ditadura, no mesmo período em que o jornalista Vladimir Herzog foi morto sob custódia. Segundo relatos, ele foi submetido a sessões de pau-de-arara e choques elétricos. O episódio causou grande impacto em Lula, que, ao saber da tortura, radicalizou seu posicionamento e intensificou sua militância sindical.

Desde 2008, é filiado ao Sindnapi e, em 2023, assumiu a vice-presidência da entidade.

Sindicato investigado

O sindicato é uma das 11 organizações investigadas por participação no esquema que causou prejuízos de até R$ 8 bilhões em descontos indevidos sobre benefícios de aposentados e pensionistas do INSS entre 2016 e 2024. O esquema bilionário de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS foi destrinchado em uma série de reportagens do Metrópoles.

Como resposta à operação, o governo anunciou a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica entre o INSS e entidades de classe. Segundo a Controladoria-Geral da União, os recursos que seriam repassados em maio serão retidos e devolvidos aos segurados afetados. No total, 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão foram cumpridos em 14 estados e no Distrito Federal.

O caso levou ao afastamento do diretor-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de outros quatro membros da cúpula do órgão. Veículos de luxo, como uma Ferrari e um Rolls-Royce, além de grandes quantias em dinheiro, foram apreendidos com investigados — o que, segundo a PF, indica o tamanho do esquema.

Frei Chico também foi alvo de apurações no passado. Em 2016, seu nome apareceu em investigações ligadas à Lava Jato por supostas viagens internacionais bancadas de forma irregular. O caso foi arquivado por decisão da Justiça Federal, que considerou a denúncia inepta e sem provas suficientes.

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