Após o falecimento do papa Francisco, olhares se voltam para o Colégio de Cardeais, responsável pelo conclave, como é chamada a eleição do novo líder da Igreja Católica. Diversos nomes circulam como potenciais sucessores, cada um com trajetória e perspectivas distintas.
A discussão atual é se o próximo ocupante do trono de Pedro será conservador ou progressista. Vaticanistas e outros especialistas em Igreja Católica são unânimes em afirmar que… não existe nada certo sobre o assunto. Na verdade, é sempre assim.
Não à toa, Jorge Bergoglio era o 28º na lista de apostas em 2012. E, mesmo assim, se tornou o papa Francisco. Como diz o ditado: “Quem entra no conclave como papa sai como cardeal”.
Veja uma lista de 17 nomes cotados para o cargo
Pietro Parolin (Itália, 70 anos): secretário de Estado do Vaticano, próximo a Francisco, demonstra perfil moderado e experiência diplomática, inclusive em negociações delicadas com China e Oriente Médio. Visto por alguns como modernista, apoiadores o consideram defensor da paz.
Luis Antonio Tagle (Filipinas, 67 anos): ex-arcebispo de Manila, representaria o primeiro papa asiático. Já cotado como sucessor de Francisco, sinalizou abertura a temas como casais gays e divorciados, mas mantém posição contrária ao aborto.
Peter Turkson (Gana, 76 anos): poderia ser o primeiro papa negro em séculos. Defende pautas como justiça climática e econômica, mantendo doutrinas tradicionais sobre sacerdócio e sexualidade, embora com nuances sobre a homossexualidade.
Péter Erdő (Hungria, 72 anos): conservador, defensor da doutrina tradicional, representa possível afastamento da linha de Francisco. Intelectual renomado, alinhou-se em 2015 com o premiê húngaro ao se opor ao acolhimento de migrantes por igrejas.
Matteo Zuppi (Itália, 69 anos): cardeal progressista nomeado por Francisco, tende a dar continuidade ao legado do pontífice, com foco em pobres e marginalizados. Considerado relativamente liberal em relação a uniões homoafetivas, atuou como enviado de paz do Vaticano na Ucrânia.
José Tolentino Calaça de Mendonça (Portugal, 59 anos): um dos mais jovens cotados, fator que pode ser impeditivo. Simpatizante de visões tolerantes sobre relações entre pessoas do mesmo sexo e alinhado a figura feminista pró-escolha, defende engajamento da Igreja com a cultura moderna.
Mario Grech (Malta, 68 anos): inicialmente tradicionalista, adotou visões progressistas após a eleição de Francisco. Mudança de postura é vista por apoiadores como sinal de evolução. Crítico a políticas europeias sobre ONGs de resgate, apoia a volta das diaconisas, que são mulheres que cuidam da paróquia e dos fiéis, mas sem poder presidir uma missa. Demonstra abertura a católicos LGBTQ+.
Pierbattista Pizzaballa (Itália, 60 anos): patriarca latino de Jerusalém, crucial na defesa de cristãos na Terra Santa. Ofereceu-se como refém em troca de crianças detidas pelo Hamas. Deve manter aspectos da liderança de Francisco, com poucas declarações sobre temas controversos.
Robert Sarah (Guiné, 79 anos): cardeal ortodoxo tradicional, chegou a se apresentar como “autoridade paralela” a Francisco. Coautor de livro defendendo o celibato clerical. Critica a “ideologia de gênero” e o fundamentalismo islâmico. Também poderia ser o primeiro papa negro em séculos.
Angelo Scola (Itália, 82 anos): veterano candidato papal, esteve entre os favoritos em 2013. Teólogo com postura tradicionalista, atrai defensores de uma Igreja mais centralizada, mas idade pode ser obstáculo.
Robert Prevost (EUA, 69 anos): americano, com vasta experiência missionária e como arcebispo no Peru. Atualmente prefeito do dicastério para bispos do Vaticano. Próximo a Francisco, sua nacionalidade e relativa juventude podem ser fatores limitantes.
Christoph Schoenborn (Áustria, 80 anos): aluno de Bento XVI, com perfil acadêmico para atrair conservadores. Contudo, defendeu a aproximação de Francisco com católicos divorciados. Tem histórico de críticas ao Vaticano sobre casos de abuso. Apoia uniões civis e a volta das diaconisas.
Raymond Leo Burke (EUA, 76 anos): opositor público de filosofias liberais de Francisco, especialmente sobre a comunhão para divorciados recasados. Critica a nova linguagem da Igreja sobre contracepção, casamento civil e homossexualidade. Defende a não comunhão para políticos pró-aborto.
Marc Ouellet (Canadá, 80 anos): cardeal de Quebec, fluente em sete idiomas. Idade avançada o impede de votar, mas permanece elegível. Alegações de má conduta sexual em 2022 abalaram sua imagem. Defendeu maior participação feminina na Igreja.
Jean-Marc Aveline (França, 66 anos): conhecido pelo bom humor e relação com Francisco em temas como imigração e diálogo com muçulmanos. Seria o primeiro papa francês desde o século XIV e o mais jovem desde João Paulo II. Fluência limitada em italiano pode ser desvantagem.
Juan Jose Omella (Espanha, 79 anos): próximo a Francisco, leva vida modesta. Integrou o conselho consultivo do papa em 2023. Proximidade com o pontífice pode ser um obstáculo se o conclave buscar mudança de rumo.
Mykola Bychok (Ucrânia, 45 anos): eparca de Melbourne, o mais jovem cardeal nomeado por Francisco. Falou sobre o sofrimento de ucranianos na guerra com a Rússia. Idade pode ser um fator, embora Francisco tenha indicado abertura a escolhas mais jovens.
Funeral do papa
O adeus ao papa Francisco vai continuar neste sábado (26/4). E o Metrópoles trasmitirá ao vivo toda a despedida do pontíficie em uma live no canal do YouTube do portal que começa às 5h, horário de Brasília.
A live vai ter apresentação da repórter Natália André e contará com a presença de especialistas, entrevistas especiais e toda a movimentação no Vaticano que antecede o funeral de Francisco.
O sábado vai começar com a Missa das Exéquias, que celebra o primeiro dia do Novendiali (novenário), os nove dias de luto e orações em honra ao papa. A missa será realizada no átrio da Basílica de São Pedro, sob a presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Depois da celebração eucarística, serão realizados os ritos da Última Commendatio e da Valedictio, que são despedidas solenes com o intuito de marcar o encerramento das exéquias. Na sequência, o caixão do papa Francisco será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro. Depois disso, a urna segue para a Basílica de Santa Maria Maggiore, onde será realizado o sepultamento.