Com frequência, a presidente Dilma Rousseff disse coisas quando governava que à primeira leitura pareciam confusas. E que à segunda leitura, se revelavam, de fato, confusas.
Uma vez ela disse em entrevista à Deutsche Welle, rede pública alemã de rádio e televisão:
“Um dos ônus [de se combater a corrupção] é acharem que nós é que fazemos a corrupção.”
De onde Dilma tirou isso? De tratados internacionais sobre o tema? Quais? De sua experiência pessoal? Como?
Quem combate de verdade a corrupção não costuma ser suspeito de corrupção. Quem faz de conta que combate, costuma ser suspeito.
Depois que sua cúpula foi presa por corrupção no final de 2012, o PT inventou a história de que a corrupção não aumentou depois que ele chegou ao governo. O que houve é que a corrupção começou a ser descoberta devido ao seu empenho em combatê-la.
Lorota!
Como acreditar que os governos do PT são os campeões no combate à corrupção se Lula não reconhece até hoje que o mensalão existiu? Que o Petrolão existiu, embora não houvesse prova de que ele se beneficiou da roubalheira?
Dilma tornou-se conhecida como “a faxineira ética” por ter combatido a corrupção. Ao cabo do primeiro ano de governo, ela demitiu sete ministros – seis deles por suspeitas de corrupção.
Um dos demitidos foi Carlos Lupi, presidente do PDT, então ministro do Trabalho desde o segundo governo de Lula. Lupi disse que fora vítima de “perseguição política e pessoal da mídia”.
Segundo ele, sua demissão foi necessária “para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do governo”.
Lupi deixou o cargo após a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendar sua exoneração. Desgastou-se após a divulgação de um esquema de propina descoberto no seu ministério.
Agora, como ministro da Previdência Social, Lupi, de novo, balança, balança e pode cair. Explodiu no seu colo o escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), algo como R$ 6,3 bilhões, dinheiro roubado de aposentados e pensionistas.
Diga-se em defesa de Lupi que o roubo começou em 2019. Quem governava o país era Bolsonaro. Mas o desvio de dinheiro público atravessou os quatro anos de governo Bolsonaro e cresceu exponencialmente nos dois primeiros anos do atual governo.
“Muitas instituições abusaram e devem pagar por isso”, reconhece Lupi. “Os beneficiários têm que ser restituídos. Mas não pode generalizar, senão a gente instaura um tribunal de inquisição.”
Entidades de classe, como associações e sindicatos, faziam Acordos de Cooperação Técnica com o INSS e permitiam descontos de mensalidades diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS, sem a autorização deles.
“Teve muita safadeza, mas não fomos omissos”, garante Lupi
Parolagem!
Alguém – ou muitos – terá que pagar a conta. A não ser que Lula prefira que a crise suba a rampa do Palácio do Planalto, pegue o elevador para o terceiro andar e bata à porta do seu gabinete.
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