Compras ajudam na felicidade, mas excessos têm efeito adverso

Poucas palavras explicam a satisfação de entrar em uma loja e olhar diversos produtos por horas até finalmente sair com a peça desejada. Essa sensação temporária de bem-estar ao comprar roupas é carinhosamente apelidada de “terapia de compras”, mas deve ser mantida sob controle para evitar a compulsão.

Vem entender!

Plano médio de mulher sorridente olhando para um vestido enquanto faz compras em uma butique de roupas
Comprar é uma atividade satisfatória, mas pode esbarrar na compulsão 

A moda é uma forma de consumo que reflete o comportamento humano. Não serve só como expressão corporal, mas também reforça nossa necessidade de inclusão e autovalidação.

Quando saímos para comprar roupas novas, essa simples atividade simboliza também uma busca pessoal por algo que represente como e onde gostaríamos de aparecer. Desta forma, criamos um hábito de desejo por peças que são vendidas como portas para “acessar” tais espaços de pertencimento e valorização.

“O ato de comprar pode envolver sentimentos de autonomia (escolher algo por si mesmo), de pertencimento (seguir uma tendência ou grupo), e de valorização (sentir-se merecedor). Em momentos de estresse, essa recompensa imediata pode funcionar como uma forma de autorregulação emocional, embora temporária”, revela a mestra em psicologia Aline Agustinho da Silva.

Jovem feliz usando celular com sacolas de compras no sofá em loja exclusiva de artigos vintage de segunda mão
O consumo de moda é influenciado pelas redes

Compras, autoestima e o ciclo da insatisfação

No entanto, quando o consumo passa a ser um recurso frequente para lidar com as emoções, uma simples ida ao shopping pode despertar a compulsão. Comprar algo novo pode aliviar a ansiedade ou tristeza, porém, esse alívio é passageiro — e logo surge a necessidade de repetir o processo.

A psicóloga também destaca o impacto das redes sociais nesse processo. Segundo ela, a mudança constante das tendências faz com que muitas pessoas sintam que nunca estão fazendo o suficiente, o que alimenta um ciclo de insatisfação e consumo contínuo.

“A cultura da moda, especialmente nas redes, pode gerar comparação constante, sensação de inadequação e pressão por estar ‘atualizado(a)’. Isso pode aumentar a ansiedade e reforçar sentimentos de inferioridade ou insegurança, especialmente em indivíduos com autoestima fragilizada”, explica Aline.

Jovem mulher tendo foto tirada por vários smartphones.
Na internet, tendências podem gerar comparações

Como manter o equilíbrio

  • Faça compras com planejamento e organização;
  • Defina suas prioridades e mantenha o foco no que realmente é necessário;
  • Evite gastos pela impulsividade: se uma peça conquistar sua atenção, aguarde antes de comprar. Isso diferencia o desejo da necessidade;
  • Fuja de roupas que não refletem seus gostos: pense se a peça realmente combina com o seu estilo ou se apenas atende a uma tendência de moda aleatória.
Mulher comprando roupas em um aplicativo móvel
É necessário ter controle na hora das compras

A moda como aliada e não inimiga

O importante é manter a moda como uma forma de se expressar sem adicionar mais pressão e ansiedade no cotidiano. Adotar um consumo mentalmente saudável e que respeite as suas condições e vontades pode ser tão necessário quanto acompanhar tendências de moda que nem sempre nos contagiam.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.