
Projeto pragmático do PSDB ao longo dos anos pode ter sido o grande trunfo do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) para retomada do partido com o surgimento da fusão do PSDB e Podemos.
Há 10 anos, o Congresso Nacional discutia a reforma política, como fim de coligações proporcionais e as cláusulas de desempenho de partidos políticos. Em 2016, a proposta legislativa foi aprovada no Senado.

Deputado federal Aécio Neves é o principal articulado da fusão do PSDB e Podemos. Foto: Geraldo Magela / Agência Senado/ND
Os autores do projeto eram os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Só que o feitiço virou contra o feiticeiro e justo no desempenho, o partido de Aécio e Ferraço não foi bem em 2022.
O PSDB que era uma sigla forte, com 54 deputados federais eleitos, em 2014, com 10 a mais que em 2010. Hoje, amarga 13 cadeiras. Ao perceber a perda de força no Congresso, Aécio mobilizou a tropa de choque tucana para viabilizar um retorno ao centro do Congresso Nacional.
Tucanos viabilizaram uma fusão. Após diversas discussões, com PDT, PSD, Solidariedade e Republicanos, o avanço só aconteceu com o Podemos, de Renata Abreu. A visão de Aécio Neves diante do cenário, traz luz a outra discussão, a polarização política no Brasil.
Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), baixa popularidade de Lula (PT), abre espaço na corrida pela presidência. O deputado tem afirmado que o PSDB é melhor opção por ser centro e estar isento de participação nos governos Bolsonaro e Lula.
Visando esse vácuo, Aécio julga o novo PSDB, com a fusão, a terceira via para reconstruir o partido no Brasil. Para fortalecer a tese, Aécio se mostra habilidoso ao demonstrar união no tempo em que Fernando Henrique foi presidente do Brasil pelo PSDB.

Aécio viabiliza na fusão do PSDB e Podemos o ressurgimento do grupo político na disputa de 2026- Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Divulgação/ND
Mesmo coma fusão praticamente consolidada, o grupo político ainda não se torna uma potência na Câmara Federal, tornando PSDB e Podemos um único partido, mas dá força para negociar postos e votação de projetos no legislativo federal.
Fusão do PSDB e Podemos tem assuntos internos
A oficialização da fusão do PSDB e Podemos será divulgada após reunião desta terça-feira (29), em Brasília. Mas algumas questões ainda estão em discussão, como o nome e o número do novo partido após a incorporação das duas siglas.
Informações preliminares de integrantes da executiva do PSDB, é que o nome será mantido como PSDB, agregando o + e Podemos. Assim ficaria “PSDB+Podemos”. Mas essa medida vale até outubro, quando um novo nome será oficializado.

PSDB e Podemos podem definir nome e número ainda neste mês e logo pode ser reconstruída – Foto: IA/ND
Apesar de ter um prazo para divulgar o novo nome como oficial, a nomenclatura poderá ser definida também durante esse encontro da executiva nacional do PSDB. Duas opções já são ventiladas: Independentes ou Moderados.
Em relação ao número, o atual 45 do PSDB pode deixar de existir. No acordo com o Podemos, há grande chance de manter o número 20 nessa nova configuração. A pressa em definir a fusão dos dois partidos também é para manter grandes nomes da sigla que ainda não definiram o futuro político.
Com a saída da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra do PSDB, em março deste ano, e, ingressando no PSD, a cúpula do PSDB quer evitar mais baixas, como o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que também é cortejado pelo PSD, de Gilberto Kassab.