INSS: “Acabaram com minha carreira”, diz agente da PF alvo de operação

São Paulo — “Acabaram com minha carreira por causa de uma coisa que não é realidade”, afirma o agente da Polícia Federal (PF) Philipe Coutinho, afastado pela Justiça no âmbito da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O caso foi revelado pelo Metrópoles.

Philipe Coutinho passou a ser investigado por aparecer em imagens no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, acompanhando o empresário Danilo Trento e o procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, em uma viatura da PF até uma aeronave de voo privativo no dia 28 de novembro de 2024.

O episódio foi considerado relevante pela PF porque Trento recebeu R$ 990 mil em pagamentos feitos pelo empresário Maurício Camisotti, suspeito de usar laranjas para operar três entidades que faturaram, juntas, R$ 580 milhões com descontos sobre aposentadorias. Trento não é alvo da investigação, mas Virgílio Oliveira Filho é suspeito de ter recebido propina de intermediários das entidades e foi afastado do INSS.

Ao Metrópoles, Philipe Coutinho afirma que só deu uma “carona dentro da área restrita [do aeroporto] para uma pessoa [Danilo Trento]” que conhece há sete anos “para não perder o voo”. “E acabaram com minha vida por causa disso”. “Sou amigo do Danilo Trento há mais de uma década, fazemos parte de um mesmo clube do vinho”, diz.

Com o agente, a PF encontrou quadros, relógios e joias. Ele afirma que os quadros são de seu pai, que era artista plástico. “Queriam aprender os quadros da minha casa. Você sabe quem é que pintou os quadros da minha casa? Meu meu pai. Meu pai era professor catedrático de pintura na Bahia”, afirma.

Sobre as joias, disse que são brincos que deu à sua filha quando estava como adido em Londres pela PF. “Levaram o brinco da minha filha. Brinco de valor irrisório. Levaram colar da minha filha, que eu falei que eu comprei em Londres. Os rolex que eles apreenderam são réplicas”, completa.

Em seu pedido de afastamento do policial, a PF também levanta suspeita sobre passagens compradas em cima da hora, com alto valor. Coutinho afirma ao Metrópoles que pagou por todas elas.

Já o empresário Danilo Trento, que já foi diretor da Precisa Medicamentos, empresa investigada pelo contrato da vacina Covaxin com o governo Jair Bolsonaro e pela venda de testes de Covid, disse que rompeu com Maurício Camisotti, que repassou R$ 18 milhões à empresa de medicamentos na época da pandemia.

“Nunca tive nada a ver com associações e ele está me devendo em um negócio relacionado a telemedicina”, diz Trento. O empresário disse que conhece o procurador afastado do INSS e tentou ajudá-lo a não chegar atrasado em uma conexão que ele tinha naquele dia. O empresário afirma pediu ao policial Philippe, de quem diz ser amigo há mais de uma década, o favor de ajudá-los a chegar mais rápido a outro voo.

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