

Fraude no INSS teria desviado ao menos R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
As vítimas da fraude no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) eram em maioria pessoas idosas, analfabetas digitais e pessoas que não sabiam ler ou escrever, apontou o relatório da CGU (Controladoria Geral da União). O golpe desviou mais de R$ 6 bilhões de aposentados e pensionistas.
Segundo a investigação, entidades conveniadas ao INSS cobravam, sem autorização, mensalidades de aposentados e pensionistas.
Em coletiva, o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius Carvalho, detalhou que as associações ofereciam serviços como descontos em academias e planos de saúde, sem ter estrutura para o fornecimento.
A fraude no INSS teria ocorrido entre 2019 e 2024, período em que as entidades teriam falsificado assinaturas de beneficiários do INSS.
Entre os meses de abril e julho de 2024, a CGU realizou entrevistas, em todos os estados, com 1.273 beneficiários que possuem descontos em folha.
O relatório destaca que beneficiários do INSS, em geral, idosos analfabetos digitais e afirma que “associada à deficiência dos instrumentos de controle do INSS, tornam esses beneficiários suscetíveis à atuação de terceiros agindo com o objetivo de obter, sem o devido esclarecimento aos beneficiários, a documentação relativa à filiação e à autorização para o desconto associativo”.
Cerca de 72,4% das vítimas da fraude do INSS responderam à CGU que não tinham conhecimento do desconto. Cerca de 27,6% afirmou que tinha conhecimento, mas que autorizou o desconto, ou que não o autorizou e depois pediu o cancelamento ou que não solicitou e não pediu o cancelamento.
A CGU ressalta que, mesmo entre os que tinham conhecimento e autorizou o desconto das entidades, tinham o entendimento reduzido devido ao conhecimento limitado de como cancelá-lo.
Operação contra fraude do INSS apreendeu R$ 34 milhões em carros
Em 23 de abril, uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) desmantelou um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões por parte de entidades conveniadas ao INSS. O valor do rombo das fraudes no INSS pode ultrapassar R$ 6 bilhões.
Desde que foi revelada, a fraude levou ao afastamento e posterior demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Os agentes cumpriram 211 mandados de busca e apreensão em 34 cidades e seis mandados de prisão temporária. A operação rendeu uma apreensão de R$ 41.077.064,03 por parte da PF (Polícia Federal).
Segundo Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, foram apreendidos carros de luxo, joias, obras de arte e dinheiro vivo durante a operação contra fraude no INSS.
- Valores em reais: R$ 470.099,00
- Valores em moedas estrangeiras: R$ 1.264.655,28
- Valores dos carros: R$ 34.535.868,00
- Valores de joias e semijoias: R$ 727.021,00
Presidente e mais cinco são afastados sob suspeita de fraude no INSS
O presidente afastado do INSS, servidor de carreira desde 2000 e ex-filiado ao PSB, Alessandro Stefanutto, é atualmente filiado ao PDT de Carlos Lupi, que o indicou para o cargo.
Além dele, outros cinco foram afastados cautelarmente pela Justiça, são eles:
- O procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
- O coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS, Giovani Batista Fassarella Spiecker;
- O diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos;
- O coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jacimar Fonseca da Silva;
- Philipe Roters Coutinho, agente federal.