Meu filho, foi o Lula? (por Mirian Guaraciaba)

O escândalo bilionário desmontado pela Polícia Federal, com apoio da CGU, impactou milhões de brasileiros aposentados e pensionistas que vivem, com dificuldade, dos parcos valores pagos à grande maioria pelo INSS. Bateu forte na imagem do Presidente da República.

A pergunta feita pela mãe de um advogado de Brasilia dá a noção do perigo. A popularidade do Presidente e do PT já não está uma maravilha. A nova comunicação – empossada há quatro meses, ainda não surtiu efeito. INSS, aposentadoria, pensão, são sinônimos de gente humilde, eleitores de Lula. Perto de 35 milhões de brasileiros dependem da Previdência Social.

A roubalheira na Previdência vem de longe. A Operação “Sem Desconto” envolveu 11 (das 29) entidades credenciadas pelo INSS para “facilitar” a vida dos pensionistas e aposentados, e descobriu um rombo de $ 6 bilhões. Diz o Ministério da Previdência que, entre essas, apenas uma teve acordo assinado em 2023. As demais são de 1994, 2014, 2017, 2021 e 2022.  O escândalo da vez derrubou o presidente do INSS, o segundo do governo Lula. O primeiro caiu por bobagem, se comparada à engambelação de agora.

O Ministro Lupi ficou, não se sabe até quando. Há sete meses, a cúpula do INSS foi alertada sobre o tamanho do estrago, e nada foi feito. É possível que Lupi não tenha sido avisado? Na ocasião, a CGU ouviu 1.242 beneficiários de todos os Estados para entender se eles haviam autorizado os descontos por parte de associações privadas. Mais de 90% disseram que não. Lupi sabia da pesquisa da CGU.

É certo que a onda de escândalos do INSS não começou na semana passada, nem com Lupi. Quem não se lembra da Jorgina de Freitas? Então procuradora previdenciária, Jorgina ficou famosa nacionalmente pelo tamanho da fraude. Jorgina foi presa, fugiu em 1992, após ser condenada. Recapturada em 1998, na Costa Rica, pagou 12 anos de cadeia, perdeu o registro da OAB e foi obrigada a devolver R$ 200 milhões aos cofres públicos. Solta em 2010, morreu em julho de 2022.

Em três meses de 2025, pelos arquivos da Polícia Federal, foram sete as operações para combater fraudes no INSS, envolvendo servidores, advogados, contadores, empresários. Semana passada, enquanto corria a Operação Sem Desconto, foi deflagrada em Boa Vista, em Roraima, outra missão: 14 mandados de busca e apreensão. Fraudes no Benefício Assistencial à Pessoa Idosa destinado a venezuelanos. Nem os vizinhos escapam.

De 2002 até hoje, foram cerca de 20 operações da PF. Fraudes e nomes variados. Mortos-Vivos, Carimbo falso, Zeppelin, Desmanche, Licomedes, Tornado, Bússola, Ribaldo, Caça ao Tesouro, Falsas Aparências. Consequentes processos, denúncias.

Como explicar ao aposentado e pensionista tanta falcatrua, senão pela falta de vigilância constante, de controle, de auditoria? Como os beneficiários da Previdência podem voltar a confiar no sistema? Lula deve explicações. A permanência do ministro Lupi não é um bom sinal para quem quer acreditar que o governo está atento e punirá severamente quem roubou dos pobres para encher as burras de dinheiro. Para quem depende desses caraminguás, resta rezar.

QUEM NÃO SE COMUNICA

Levantamento encomendado pelo O Globo à consultoria Bites mostrou que o novo ministro da Comunicação Social, Sidonio Palmeira, empossado em janeiro para salvar a lavoura, sofreu um revés nas redes sociais. O primeiro trimestre de sua gestão teve resultado negativo: 10% a menos nas interações em postagens do Presidente Lula. Por outro lado, o engajamento junto a contas institucionais do governo petista aumentou em 152%, mas, acredite, ficou atrás do desempenho das principais lideranças de direita, no mesmo período.

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