CPI, já, para saber quem roubou o dinheiro dos aposentados

Houve o caso da mulher de Pitta, que detonou o ex-marido, Celso, prefeito de São Paulo em 2000, acusando-o de comprar o voto de vereadores que o investigavam em uma CPI. Nicéia Camargo, o nome dela. Pitta deixou o cargo como réu em 13 processos. Em 2008, teve a prisão decretada por não pagar pensão à Nicéia.

Antes, em 1992, houve o caso de Pedro Collor, irmão do então presidente Fernando Collor, que o acusou de corrupção. Collor acabou sendo derrubado não por Pedro, mas pelo motorista Eriberto França, que em depoimento a uma CPI confirmou a compra com dinheiro sujo de um carro para o presidente.

Em 2005, houve o caso do marqueteiro do PT, o publicitário baiano Duda Mendonça, que ouvido na CPI do Mensalão disse ter sido pago com dinheiro de Caixa 2 no exterior. Lula, presidente da República, balançou, balançou, mas não caiu. A oposição preferiu deixá-lo sangrar até o fim do mandato. Lula se reelegeu.

Houve ainda o caso que provocou a saída do governo Lula 1 do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em março de 2006, Francenildo Santos Costa, caseiro, disse a uma CPI que viu Palocci muitas vezes em uma mansão de Brasília, onde se fechava negócios suspeitos e se fazia farras com mulheres de programa.

Sabe-se como uma CPI começa, mas nem sempre como ela termina.  Atribui-se a frase ao deputado Ulysses Guimarães, o condestável da Nova República. Isso será outra vez posto à prova se for instalada na Câmara a CPI do dinheiro surrupiado aos aposentados e pensionistas. CPI é direito das minorias.

Quando Ulysses começou a ouvir falar de uma CPI para investigar Collor, foi contra. Considerou-a um exagero. Collor fora o primeiro presidente eleito pelo voto popular desde o enterro da ditadura militar de 64. Derrubá-lo, pegaria muito mal para a imagem interna e externa do país. Mais tarde, Ulysses aderiu a ideia.

Bolsonaro acionou todas as suas forças no Congresso para impedir, sem sucesso, a criação da CPI sobre o morticínio provocado pela Covid-19 em parceria com ele, que preferiu deixar morrer quem tivesse de morrer, afinal não era coveiro. Morreram mais de 600 mil brasileiros. Quanto a Bolsonaro… Em 2022, perdeu, mané!

Por desnecessária, não se falou em CPI do golpe de 8/1. Nunca se vira antes uma tentativa de golpe transmitida pela televisão e pelas redes sociais, passo a passo. Foi tudo documentado.  Quem chama aquilo de baderna, e não de golpe, é quem apoia o que aconteceu. Ou quem apelidou de revolução o golpe de 64 e o apoiou.

Desconfio que os bolsonaristas darão mais um tiro no pé com o pedido da CPI do INSS. Porque o governo Lula dirá, e já o diz, que foi ele que mandou a Controladoria Geral da República apurar o que houve, e que foi ele que pôs a Polícia Federal no encalço dos ladrões. Se alguém do atual governo roubou, será demitido.

Os bolsonaristas dirão o quê se restar provado que altas figuras do governo passado beneficiaram-se do roubo? Esperemos para ver. Vai ser divertido. Amo uma CPI.

 

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