Na primeira sessão do mercado brasileiro no mês de maio, após o feriado do Dia do Trabalhador, o dólar operava em queda nesta sexta-feira (2/5), dia em que as atenções dos investidores estão novamente voltadas aos Estados Unidos.
Dólar
- Às 9h05, a moeda norte-americana recuava 0,3% e era negociada a R$ 5,659.
- Na última quarta-feira (30/4), o dólar fechou em alta de 0,83% frente ao real, negociado a R$ 5,677.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumulou queda de 0,5% em abril. No ano, as perdas são de 8,13%.
China e EUA começam a negociar tarifas
Segundo um comunicado divulgado pelo Ministério do Comércio chinês, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, “tomou recentemente a iniciativa de transmitir mensagens ao lado chinês por meio de canais relevantes”.
A partir de agora, Pequim informou que pretende dar andamento a conversas diretas com Washington, com o objetivo de diminuir as taxas impostas sobre produtos importados entre os países.
De acordo com o governo da China, os EUA manifestaram “vontade de negociar sobre a questão tarifária”.
Entretanto, diz Pequim, é necessário que as autoridades norte-americanas demonstrem “sua sinceridade nas negociações, estando preparados para agir em questões como corrigir suas práticas erradas e suspender tarifas unilaterais”.
Antes do comunicado oficial do governo chinês, a informação sobre o início das negociações entre EUA e China havia sido divulgada por contas ligadas ao regime nas redes sociais.
Segundo a rede oficial CCTV, “não há necessidade de a China negociar antes que os EUA façam movimentos substantivos, mas, se quiserem se envolver com a China, não há danos nesse estágio, e o lado chinês precisa observar e até mesmo forçar as verdadeiras intenções dos EUA”.
O Ministério do Comércio da China afirmou ainda que “falar uma coisa e fazer outra ou usar as negociações para tentar coerção ou extorsão não funcionará com a China”.
Pequim disse ainda que, caso os EUA não estejam verdadeiramente abertos a uma negociação com os chineses, “isso vai mostrar sua total falta de sinceridade e solapar ainda mais a confiança mútua”.
Atualmente, produtos chineses importados pelos EUA estão sendo taxados pelo governo Trump em até 145%, em alguns casos. Trata-se da soma das tarifas de 125% anunciadas pelo presidente norte-americano no mês passado e de taxas de 20% aplicadas no início do ano.
Em retaliação, a China impôs tarifas de 125% sobre os produtos dos EUA.
Dados de emprego nos EUA
A guerra comercial não é o único assunto que interessa ao mercado nesta sexta-feira. Os investidores também repercutem dados de emprego divulgados pelo Departamento do Trabalho do governo dos EUA.
Trata-se do chamado “payroll”, um indicador econômico mensal dos EUA que indica a evolução do emprego no país fora do setor agrícola.
O relatório, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), é considerado determinante para as avaliações sobre o desempenho da economia norte-americana.
Em março, o “payroll” mostrou a abertura de 229 mil vagas de emprego fora do setor agrícola no país e uma taxa de desemprego de 4,2%.
A força do mercado de trabalho nos EUA é um dos componentes considerados pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) para definir a taxa de juros e esfriar a demanda na economia para combater a inflação.
Analistas temem que uma possível aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Fed. Nesse sentido, a criação de vagas acima das expectativas seria interpretada como uma notícia negativa.
Em sua última reunião, em março, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed anunciou a manutenção da taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A reunião foi a segunda consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros. A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.
Antes das duas últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos. Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,4% em março, na base anual, um recuo de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior (quando foi de 2,8%). Na comparação mensal, a taxa recuou 0,1%, ante alta de 0,2% em fevereiro. A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
A próxima reunião do Fed está marcada para a semana que vem, nos dias 6 e 7 de maio.
Bolsa de Valores
As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
No pregão da última quarta-feira, o indicador fechou em queda de 0,02%, aos 135 mil pontos, perto da estabilidade.
Mesmo com o resultado negativo, a Bolsa brasileira acumulou ganhos de 3,69% em abril. Em 2025, a alta é de 12,29%.