A ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência (SRI), Gleisi Hoffmann, reagiu às insinuações do deputado Gilvan da Federal sobre supostas referências a ela na chamada “lista da Odebrecht”, que relacionava parlamentares a propinas pagas pela empreiteira. Na quinta-feira (1º/5), o deputado tornou-se alvo de uma representação ao Conselho de Ética da Câmara pelas declarações contra a ministra.
“Quero agradecer ao presidente [da Câmara dos Deputados] Hugo Motta, ao colégio de líderes e à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pela representação ao Conselho de Ética contra o deputado Gilvan da Federal. Além de reagir prontamente às atitudes ofensivas do deputado, que ferem o decoro parlamentar, a representação sinaliza uma atitude rigorosa da Câmara diante de comportamentos abusivos que, infelizmente, têm acontecido. O Parlamento é a casa da democracia e do debate, que se faz por meio de argumentos, não de ofensas. É assim que se respeita a representação popular”, declarou Gleisi.
De acordo com as investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, Gleisi foi citada na lista sob o pseudônimo de “Amante”. Durante sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara, realizada na terça-feira (29/4), Gilvan da Federal fez referência ao suposto apelido, afirmando que a “Amante” deveria ser uma “prostituta”.
“Na época em que esse ex-presidiário [o presidente Lula] foi preso, eu estava na Polícia Federal, e chovia ataque à PF pelo pessoal do PT. Por exemplo, da senadora Gleisi Hoffmann. Hoje, elogiam a PF porque temos um diretor-geral petista. Na Odebrecht, existia uma planilha de pagamento de propina a políticos. Eu citei aqui os nomes ‘Lindinho’ e ‘Amante’, que devia ser uma prostituta do caramba. Teve até deputado que se revoltou. Ou seja, a carapuça serviu. Ele foi mentir na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça], se vitimizar, dizendo: ‘Você vai ver, seu bandido.’ Mas digo a ele: não vou representá-lo no Conselho de Ética porque sou homem. Não tenho medo”, disse o deputado.
Vias de fato
Antes dessas declarações, ainda na mesma sessão da Comissão de Segurança, Gilvan entrou em conflito com o deputado Lindbergh Farias, companheiro de Gleisi Hoffmann, após o petista levantar uma questão de ordem, lembrando que o adversário já havia desejado a morte de Lula. Os dois quase chegaram às vias de fato, levando o presidente da comissão, deputado Paulo Bilynskyj, a solicitar apoio da Polícia Legislativa.
Em março, o deputado bolsonarista Gustavo Gayer sugeriu que Gleisi Hoffmann poderia formar um “trisal” com Lindbergh Farias e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre. A ministra apresentou queixa-crime contra Gayer no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo indenização de R$ 30 mil por danos morais.