Reconhecido como um dos mais produtivos biógrafos de Sergipe, o escritor, advogado e analista judiciário do Tribunal de Justiça de Sergipe, Marco Antônio Camilo dos Santos, conhecido no meio literário como Antônio Camilo, celebra mais um marco em sua vitoriosa trajetória literária: sua eleição como imortal da Academia Sergipana de Letras. Com nove livros publicados em pouco mais de uma década — transitando com naturalidade entre poesia, contos, crônicas, memórias e biografias —, o escritor construiu uma obra sólida e diversa, que valoriza a história e a cultura sergipana. Ele vai ocupar a cadeira de número 09, que estava vaga desde dezembro de 2024, após a morte do médico José Abud. Em entrevista ao Jornal Correio de Sergipe e ao portal de notícias AJN1, Antônio Camilo reflete sobre sua jornada, os desafios da escrita, a importância da preservação das memórias e a responsabilidade de ocupar uma das cadeiras da mais tradicional instituição literária do Estado. A posse será no próximo dia 09 de maio, a partir das 15h, no auditório A, do Bloco G, da Unit Farolândia.
Correio de Sergipe/ AJN1- Sua nomeação como imortal da Academia Sergipana de Letras marca um momento importante na sua trajetória. O que essa conquista representa para o senhor?
Antônio Camilo: Do ponto de vista pessoal, é a confirmação de que quem tem foco, perseverança e fé vence, podendo chegar a lugares antes inimagináveis. Já rofissionalmente é o reconhecimento de um trabalho sério, de muita pesquisa e edicação com o firme propósito de entregar ao leitor uma obra da melhor qualidade.
CS/AJN1 – O senhor costuma dizer que sua chegada à Academia é fruto de uma produção literária robusta. Como definiria essa produção e o que ela representa para a cultura sergipana?
AC – Trata-se de uma produção literária com passagem em diversos gêneros literários. Iniciei no campo do versejar quando publiquei, em 2013, meu primeiro livro intitulado “UM PRESENTE DE DEUS – Histórias em Versos”. Já em 2016, lancei um livro de contos intitulado “CONTOS DE PÉROLA”. E a partir de 2018, apaixonei-me pelas obras biográficas, tendo publicado naquele ano “GETÚLIO SÁVIO SOBRAL- Fé, Trabalho e Perseverança”. Em 2019, lancei “ELYSIO CARMELO – Um Homem Admirável”. Já em 2022, publiquei “ROCHINHA – Decano da Humildade” e “A FAMÍLIA DO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA NO BRASIL”, tendo esta obra sido traduzida para o idioma italiano e lançada em Portugal e na Itália. Em 2023, publiquei “ANTONIO CARLOS VALADARES – O Realizador de Sonhos”. E, em 2024, foram lançados “CARLOS MAGALHÃES – Pode me chamar de Magá que eu não me incomodo” e “JOSÉ TRINDADE – Um homem singular. Um ser especial”. São 9 livros num lapso de 11 anos. Isso para a cultura sergipana é de fundamental importância, uma vez que além de ser uma produção literária verdadeiramente robusta, a variedade de estilos alcança os amantes dos diversos seguimentos literários.
CS/AJN1 – Já são nove livros publicados, entre poesia, contos, crônicas, memórias e biografias. Como o senhor transita entre gêneros tão distintos e o que o inspira a escrever?
AC – Como disse anteriormente, primeiro me descobri poeta e, logo em seguida, percebi que também tinha grande facilidade para escrever contos e crônicas. Já em 2014, ao ler a biografia de Abraham Lincoln, encantei-me por tal gênero. A partir de então, estimulado pela saudosa amiga e escritora Giselda Morais, passei a ler os autores que se dedicavam a tal gênero, a exemplo do escritor mineiro Rui Castro, vindo a publicar minha primeira obra biográfica em 2018 e, de lá para cá, não mais parei, sendo sete livros até o presente momento. Hoje, dedico-me exclusivamente a narrar as histórias de homens e mulheres que construíram e constroem a história de Sergipe. Suas belas trajetórias de vida e o legado que essas figuras deixam é o que me inspira a contar suas histórias.
CS/AJN1 – O senhor é considerado hoje o biógrafo mais produtivo de Sergipe. Por que escolheu a biografia como uma de suas principais formas de expressão?
AC- Tendo transitado por vários gêneros literários e percebido o valor de cada um deles, ou seja, a sensação que uma poesia bem escrita, um conto bem delineado ou uma crônica bem construída provoca no leitor, descobri que, diferentemente dos demais gêneros, somente a biografia é capaz de registrar e eternizar para as atuais e futuras gerações as belas e inspiradoras histórias de vida de pessoas notáveis, muitas delas simples e outras afortunadas. É justamente neste ponto que reside a beleza e a importância da obra biográfica, pois qualquer pessoa que considere ser detentora de uma rica trajetória pode ter sua história perenizada.
CS/AJN1 – Como o senhor enxerga o papel da Academia Sergipana de Letras hoje na sociedade e o que pretende levar para a instituição com sua presença?
AC- Frequento a Academia Sergipana de Letras desde 2018, quando fui admitido no Movimento Cultural Antônio Garcia Filho/MAC e posso afirmar que, sem sombra de dúvida, trata-se de uma instituição essencial e das mais democráticas, pois lá tem voz os acadêmicos, os macadêmicos, como são carinhosamente chamados os membros do MAC, bem como os visitantes que comparecem às nossas sessões nas tardes de segunda-feira. Lá debatemos não só temas culturais, mas também diversos outros assuntos que dizem respeito à vida em sociedade, como as temáticas ligadas à saúde, educação, meio ambiente, dentre outras. Levarei para a Casa de Tobias Barreto, por certo, alguma bagagem cultural que possuo, na certeza de que muito mais absorverei junto aos meus pares, devendo atuar nas sessões como venho atuando desde que ingressei no MAC, ou seja, com presença constante, discrição e simplicidade. Certamente, passo a desfrutar de mais visibilidade por agora fazer parte do seleto grupo da intelectualidade sergipana, consciente, porém, do peso de tamanha conquista.