Elitusalem Gomes de Freitas, major da reserva da Polícia Militar e ex-vereador do Rio de Janeiro, utiliza sua lista de transmissão no WhatsApp para anunciar a venda de armamentos de uso restrito. Entre os produtos oferecidos estão fuzis e pistolas, com condições de pagamento facilitadas, incluindo entrada e parcelas mensais via boleto bancário.
Em uma das mensagens, Elitusalem promove o fuzil Fire Eagle, modelo semiautomático com cano de 11,5 polegadas, por R$ 4 mil de entrada e dez parcelas de R$ 1.300. Ele solicita aos interessados documentos como identidade, CPF, comprovante de residência e e-mail para formalizar a compra.
Armas para CACs e forças de segurança
O fuzil Fire Eagle é uma arma de uso restrito, geralmente permitida apenas a Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) com registro ativo, além de integrantes das Forças Armadas e de algumas corporações de segurança pública.
Elitusalem também já utilizou sua lista de transmissão para promover a venda de imóveis e veículos de luxo, transformando o canal em uma vitrine para negócios de alto valor.
Condenação e trajetória política
Em 2019, Elitusalem foi condenado a dois meses de prisão em regime aberto pelo Conselho Especial de Justiça da Polícia Militar do Rio, após críticas ao comando da corporação. Na ocasião, foi absolvido da acusação de incitação à violência, mesmo após declarar publicamente que deveriam ser mortos 50 “vagabundos” para cada policial assassinado. No mesmo ano, ele foi transferido para a reserva.
Elitusalem foi vereador no Rio de Janeiro entre 2017 e 2020, mas não conseguiu se reeleger. Em 2022, tentou vaga na Câmara dos Deputados, novamente sem sucesso. Em 2024, disputou as eleições pelo Republicanos e ficou como suplente.
Regulação e brechas
A venda de armas de uso restrito como o fuzil Fire Eagle está sujeita a regulamentações rígidas no Brasil. A legislação permite a aquisição apenas por meio de cadastro e autorização do Exército para os CACs, ou por forças de segurança devidamente credenciadas. No entanto, a flexibilização ocorrida nos últimos anos, sobretudo durante o governo de Jair Bolsonaro, ampliou significativamente o número de CACs e criou brechas exploradas por vendedores informais ou intermediários com acesso ao armamento.
A reportagem não conseguiu contato com o ex-vereador até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
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