O Itamaraty confirmou, nesta quarta-feira (7/5), que o governo brasileiro tomou conhecimento, na noite de terça-feira (6/5), da saída dos asilados venezuelanos da embaixada argentina em Caracas, na Venezuela.
Uma operação em parceria com os Estados Unidos na terça retirou os cinco opositores de Nicolás Maduro refugiados no local há mais de 400 dias.
“O Brasil vinha respondendo, desde agosto passado, pela representação de interesses da Argentina na Venezuela e pela proteção da integridade física dos asilados. Realizou também gestões cotidianas junto ao governo venezuelano para que as necessidades básicas dos asilados fossem atendidas”, relata o pronunciamento do Ministério das Relações Exteriores.
A nota ressalta ainda que a diplomacia brasileira “gestionou inúmeras vezes, no mais alto nível, para que fossem concedidos os salvo-condutos necessários e ofereceu transportar os asilados por via aérea, de modo a solucionar diplomaticamente a crise”. Os pedidos, porém, não teriam sido atendidos pelo governo venezuelano.
Operação
Pelas redes sociais, o secretário de Estado de Washington, Marco Rubio, informou que “os Estados Unidos comemoram o resgate bem-sucedido”, “após uma operação precisa, todos os reféns estão agora em segurança em solo americano”.
Fontes não oficiais informam que se trata de uma operação de retirada dos asilados. Em março de 2024, seis integrantes da equipe de Maria Corina Machado buscaram refúgio na sede diplomática argentina.
Eles foram acusados pelo Ministério Público venezuelano de terrorismo, conspiração e traição à pátria. As acusações ocorreram após as eleições primárias opositoras, vencidas por Maria Corina.
Desde agosto de 2024, a sede diplomática estava sob custódia do Brasil após os diplomatas da Argentina serem expulsos da Venezuela depois que o presidente Javier Milei questionou a veracidade da eleição presidencial de julho passado.
Maria Corina, pelas redes sociais, classificou a operação de “impecável e épica”. Ela também agradeceu “todos que tornaram possível [a retirada do grupo]”, e garantiu: “Vamos liberar cada um dos 900 heróis presos”, em referência aos presos políticos no país.
Ministros convocados na Câmara dos Deputados
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (7/5), a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em data ainda a ser definida.
O chanceler deve “prestar esclarecimentos sobre a omissão do Estado brasileiro diante da grave situação humanitária enfrentada por oposicionistas do regime de Nicolás Maduro (Venezuela) que estavam refugiados na embaixada da Argentina em Caracas, sob responsabilidade diplomática do Brasil”.
Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deverá prestar esclarecimentos sobre a atuação do governo federal no caso da concessão de proteção internacional à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia.
