São Paulo – O frei Eberson Naves, da Ordem de Santo Agostinho (OSA), falou ao Metrópoles sobre como Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV, eleito novo representante da Igreja Católica nesta quinta (8/5), se aproxima do jeito brasileiro e latinoamericano de ser.
Estadunidense, Leão XIV foi nomeado administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo pelo papa Francisco em 2014.
“Apesar de ele ter nascido nos Estados Unidos, ele passou uma boa parte do seu período pastoral, das suas atividades episcopais, da sua vida, aqui na América Latina. Então, ele tem uma proximidade muito grande com o nosso jeito de ser, seja brasileiro, seja dos países latinoamericanos. Tudo isso ele conhece, e acredito que é uma marca muito importante para o seu pontificado”, afirmou frei Eberson.
O frei conheceu o novo pontífice em Lima, no Peru, em 2016. O encontro mais próximo entre os dois, no entanto, ocorreu no ano passado em Roma, na Itália, em uma reunião dos secretários da Ordem de Santo Agostinho, a qual Leão XIV pertence. Para Eberson, o novo representante da Igreja Católica é “muito cordial”.
“Ele é uma pessoa agradabilíssima, que dá vontade de ficar com ele conversando por horas. Quando ele chega em uma pessoa, que às vezes é o primeiro contato, ele puxa um assunto, conversa sobre coisas aleatórias, é uma pessoa muito próxima”, disse o frei.
O religioso acrescentou ainda que Leão XIV tem o carisma característico do agostiniano, “de se aproximar, de fazer convivência, de estar em comunidade”, além de ser bastante aberto ao diálogo.
Eleito rapidamente
Mesmo de fora da lista dos cardeais mais prováveis ao papado, Robert Francis Prevost foi eleito papa apenas no segundo dia de conclave, assim como o papa Francisco.
“Ele não estava entre os nomes preferidos, colocados na mídia, e é exatamente essa ação de Deus. Ele nos surpreende muitas vezes. E é uma grata surpresa para nós, sobretudo nós agostinianos, ter um papa agostiniano à frente da Igreja, sucessor de Pedro”, disse o frei.
O que foi discutido entre os 133 cardeais que participaram da eleição deste ano, provavelmente, nunca será divulgado ao mundo. Ainda assim, é claro que Prevost se destacou rapidamente.
“A gente não consegue medir como eles se conhecem, o quanto eles sabem da experiência de outros e tal, mas assim, certamente, pela quantidade de votações, [Leão XIV] era alguém muito sociável com todos os cardeais e era alguém muito bem visto E os cardeais, certamente, com a inspiração do Espírito Santo, podem ter visto o futuro da Igreja ser conduzido por ele”, disse frei Eberson.
Para Eberson, Prevost não imaginava se tornar papa, assim como a própria Igreja não esperaria por esse resultado. A trajetória episcopal do cardeal, no entanto, pode ter dado a confiança necessária ao religioso para alcançar o pontífice.
Quem é o papa Leão XIV
- Robert Francis Prevost, de 69 anos, nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Ele é o primeiro papa nascido no país, e o 267º pontífice da história.
- Seus pais são Louis Marius Prevost, de origem francesa e italiana, e Mildred Martínez, com ascendência espanhola.
- Em 1977, Prevost entrou para o noviciado da Ordem de Santo Agostinho em Saint Louis, cidade no Missouri.
- Depois, estudou na União Teológica Católica de Chicago, onde se formou em teologia.
- Aos 27 anos, foi enviado pela Ordem para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino, em Roma.
- Ele foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982 e, em 2014, o papa Francisco o nomeou administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo.
- Prevost foi nomeado cardeal pelo papa Francisco em 30 de setembro de 2023.
Escolha do nome
O cardeal é o 14º a usar o nome Leão para seu papado. O último, Leão XIII, eleito em 1878, foi responsável por um desenvolvimento social grande na Igreja Católica, afirmou Eberson. Para o frei, Prevost deve seguir a mesma linha, seguindo o legado de Francisco.
“Quando ele deu as suas primeiras palavras e disse algo muito importante que nós estamos precisando no mundo atual, que é exatamente aquilo que os últimos papas vem dizendo sobre o Francisco, com todos os seus empreendimentos: nós precisamos de paz, nós precisamos organizar mais na nossa vida, nós precisamos, de fato, daquilo que nos une, que nos faz ser cada vez mais humanos”, disse Eberson.
Para o frei, ao trazer a experiência agostiniana ao papado, Leão XIV “será algo grandioso para a humanidade, sobretudo para todo o povo católico”.