Pouco a pouco, Bolsonaro vai sendo escanteado pela direita

A verdade é que a direita dita civilizada, que o apoiou em 2018 para presidente da República e em 2022 para se reeleger, está pouco a pouco abandonando Bolsonaro. Convencida de que tão cedo ele jogará a toalha, procura um ou mais candidatos que possam derrotar Lula na eleição presidencial do próximo ano.

Bolsonaro já era, a não ser para seus fanáticos acólitos e os que ligaram seu futuro profissional ao dele. É o caso, por exemplo, do advogado Fabio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação do governo Bolsonaro, e outros tantos. É o caso do sanfoneiro Gilson Machado, ex-ministro do Turismo.

Wajngarten era um nome desconhecido até descobrir Bolsonaro. Em sua área de atuação musical, no interior do Nordeste, Machado era um sanfoneiro com fama de desafinar quando cantava e de tocar mal. À sombra de Bolsonaro, candidatou-se a prefeito do Recife e perdeu, a senador por Pernambuco e perdeu, mané.

“A direita sem Bolsonaro é direita sem voto”, insiste Wajngarten. “Quem se aventurar a se candidatar nas costas do presidente Bolsonaro será derrotado e terá de dar um cavalo de pau. A matéria-prima da eleição é o voto”. Em parte, ele tem razão. Bolsonaro é o nome mais forte da direita. Ocorre, porém…

Ocorre que Bolsonaro está inelegível até 2030. E por mais anos ficará depois que for condenado e preso pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e danos ao patrimônio público. Não haverá anistia. Bolsonaro cumprirá a pena em prisão domiciliar.

Wajngarten finge não saber disso. Mas a direita sabe e não está disposta a submeter-se ao calendário pessoal de Bolsonaro. De resto, intui que ele indicará um dos seus filhos ou a ex-primeira-dama Michelle para candidatar-se à sucessão de Lula. A direita não quer seguir atrelada a ele. Gostaria de atrelar-se a Tarcísio Freitas.

Mas o governador de São Paulo só largaria o cargo se Bolsonaro o apoiasse em breve e sem exigir contrapartidas insuportáveis, como um indulto presidencial. Outros aspirantes a candidato talvez concordassem em pagar caro pelo apoio de Bolsonaro. Acontece que eles são mais fracos do que Tarcísio.

Há um consenso na direita de que ela se dividirá no primeiro turno, mas que se unirá no segundo. Provável que seja assim. A incógnita é: todos os que votarem nos candidatos da direita no primeiro turno votarão unidos no segundo turno? E os que votarem serão suficientes para derrotar Lula?

Resposta só no dia 25 de outubro de 2026.

 

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