Wagner Moura revelou detalhes sobre o afastamento dele do cinema nacional nos últimos anos. Em entrevista à Vanity Fair, o ator falou sobre o significado de atuar novamente em português no filme O Agente Secreto, que representa o Brasil no Festival de Cannes.
“Significou muito para mim simplesmente atuar e dizer coisas em português de novo, me reconectar com essa cultura. Nem consigo descrever o quanto isso foi importante para mim”, afirmou.
Moura explicou que o distanciamento das produções brasileiras ocorreu por desânimo com o cenário político do país durante o governo Bolsonaro. “Fiz Narcos, que era uma série — levou muito tempo — e dirigi um filme que levou três anos. Eu não estava empolgado com nada do que estava acontecendo no Brasil durante o governo Bolsonaro. Nada estava acontecendo”, declarou.
O ator também compartilhou a sensação de retornar às origens culturais. Ele citou uma metáfora do colega Javier Bardem para ilustrar a diferença entre atuar em idiomas estrangeiros e na língua materna.
“Javier Bardem disse uma coisa que adoro: trabalha em inglês como se houvesse um grande escritório no cérebro dele, cheio de coisas acontecendo, e quando trabalha em espanhol, o escritório está vazio. É uma metáfora ótima. Não falava inglês quando era criança, tive que aprender. Mesmo quando trabalho em espanhol, é diferente, sabe? O português é minha língua materna. É a cultura também.”
Wagner Moura ainda demonstrou preocupação com um possível distanciamento das novas gerações de cineastas brasileiros. “Existem outros cineastas que me animam, mas não muitos. Comecei a me preocupar com esse hiato geracional: será que conheço os jovens cineastas brasileiros que estão fazendo coisas? Será que eles têm interesse?”, refletiu.