Florianópolis – Um vídeo estarrecedor flagrou policiais militares de Santa Catarina espancando e incendiando papelões usados por dois moradores de rua, sob a marquise do prédio do INSS, no Centro da capital, na noite de segunda-feira (13). A cena, registrada por um morador, mostra PMs usando cassetetes e ateando fogo nas proximidades das vítimas.
A tortura filmada ao longo de três minutos já provocou reações do Ministério Público, da OAB/SC e de parte da sociedade civil. No entanto, o silêncio do governo estadual e a resposta protocolar da Polícia Militar de SC, que apenas “instaurou um inquérito”, revelam o que de fato arde por trás da farda: crueldade institucionalizada.
PMs atacam com fogo e cassetetes
As imagens mostram ao menos seis policiais cercando dois homens deitados sob a marquise. Um dos agentes golpeia uma das vítimas pelas costas, enquanto outro usa um papelão em chamas para atingir o corpo do segundo homem, que tenta proteger seus poucos pertences.
Os dois homens em situação de rua recolhem seus objetos e fogem do local após a agressão, que ocorreu por volta das 23h, na Rua Marechal Guilherme. Ao fundo, viaturas com giroflex ligados iluminam o cenário que mais parece uma sessão de tortura urbana do que uma “abordagem policial”.
PM tenta se limpar, mas vídeo desmente
A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) divulgou nota prometendo um Inquérito Policial Militar (IPM) para “apurar os fatos”, como se o vídeo não fosse autoexplicativo. A corporação declarou que não “compactua com abusos” — embora eles ocorram com uma frequência que desafia a lógica da exceção.
Enquanto isso, o Ministério Público Estadual afirmou que acompanhará o caso por meio da 5ª e 42ª Promotorias de Justiça e que tomará as providências cabíveis. O inquérito, segundo a PM, será enviado ao MP e ao Poder Judiciário após a conclusão, sem prazo definido.
OAB repudia e cobra punições
A Comissão de Violência da OAB/SC também reagiu. Segundo o vice-presidente Guilherme Gottardi, as imagens mostram “uso excessivo da força” e a entidade seguirá o caso de perto. Gottardi declarou que as cenas são “lamentáveis”, e que soube do episódio pela imprensa — o que também diz muito sobre o acesso da sociedade civil à informação no estado.
Testemunha relata terror noturno
O responsável pela gravação do vídeo — que preferiu o anonimato por medo de retaliações — contou ter sido acordado pelos sons de explosões. “Jogavam álcool, fogo, batiam. Eu e minha esposa ficamos muito chateados com o que vimos”, disse à imprensa.
Por ora, as vítimas seguem sem nome, sem rosto e sem justiça. Mas o vídeo continua circulando e queimando a imagem da PM catarinense no tribunal da opinião pública.
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