O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), admitiu, na noite desta terça-feira (13/5), pelo horário de Brasília, que a primeira-dama Janja da Silva fez uma intervenção em uma conversa entre ele e o Secretário-Geral do Partido Comunista e presidente chinês Xi Jinping. A situação teria gerado constrangimento. Mas, conforme Lula, ele próprio havia feito uma pergunta sobre o envio de alguém da confiança ao Brasil de Jinping para “discutir a questão digital” relacionada ao Tik Tok.
Vídeo em que Lula comenta reunião:
O presidente enfatizou que foi ele quem fez a pergunta e não Janja. “Eu que fiz a pergunta, não foi a Janja”, assegurou. Ainda ao falar sobre a questão, Lula disse que a primeira-dama pediu a palavra para falar de possíveis problemas relacionados a mulheres e crianças na plataforma digital.
“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital e, sobretudo, o Tik Tok. E aí a Janja pediu palavra para explicar o que estava acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças. Foi só isso”, descreveu Lula.
Ainda conforme Lula, estavam na reunião apenas ele, Xi Jinping, Janja e “só meus ministros, (presidente do Senado, Davi) Alcolumbre (União-AP) e (o segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados) Elmar (Nascimento) (União-BA).
Lula se mostrou incomodado com o possível vazamento do teor da conversa.
“Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve num jantar em que era uma coisa muito, mas muito confidencial”, reclamou.
Constrangimento
Ao falar do assunto, Lula comentou o suposto incômodo de integrantes da reunião com o fato de Janja pedir a palavra no encontro entre os chefes de Estado. Por fim, Lula defendeu a possibilidade de Janja se manifestar em uma reunião entre chefes de Estado.
“O fato da minha mulher pedir a palavra é porque a minha mulher não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de rede digital do que eu e resolveu falar”, disse ele.
O pedido de Lula a Xi Jinping para “discutir a questão digital” teve como resposta que o país tem o direito de fazer a regulamentação das redes digitais. “Não é possível a gente continuar, sabe com as redes digitais cometendo os absurdos que comete e a gente não tem a capacidade de regulamentação”, frisou Lula.