Brasília – O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) abrigou em seu gabinete parlamentar um dos principais nomes ligados ao escândalo bilionário de fraudes no INSS.
Trata-se de Jeronimo Arlindo da Silva Junior, conhecido como Junior do Peixe, ex-secretário parlamentar do deputado e diretor da Conafer — entidade investigada por abocanhar quase meio bilhão de reais em descontos associativos ilegais.
Enquanto isso, o próprio Motta segura nas mãos a decisão de instaurar uma CPI para investigar os desvios. Coincidência ou cálculo?
Motta e o peixe grande
Junior do Peixe trabalhou como secretário parlamentar de Hugo Motta entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, período em que também exercia o cargo de diretor de Assuntos Institucionais da Conafer.
Documentos da Polícia Civil do Distrito Federal mostram que, nesse mesmo intervalo, ele assinava ofícios atuando diretamente no envio de fichas de filiação ao INSS — justamente o ponto central da fraude.
Além disso, em 2024, Junior tentou se lançar como vice-prefeito em Marizópolis (PB) pelo Republicanos, com apoio direto de Motta. Em suas redes sociais, as fotos com o padrinho político são abundantes. Uma mão lava a outra?
CPI nas mãos de quem tenta impedir
A oposição na Câmara dos Deputados exige a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os descontos indevidos.
Só que a instalação da CPI depende da liberação do próprio Motta, presidente da Casa, que vem alegando “excesso de requerimentos” para adiar o processo.
Pressionado, o deputado até admitiu a possibilidade de viabilizar a comissão — desde que outras sejam retiradas. O impasse levou a oposição a protocolar uma CPI mista, agora nas mãos do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP).
Conafer: números que escancaram o escândalo
A Conafer é a segunda entidade que mais descontou do INSS: R$ 484 milhões entre 2019 e 2024. Só perde para a Contag, que acumulou impressionantes R$ 2,1 bilhões.
Em 2020, os descontos saltaram de R$ 350 mil para R$ 57 milhões. A justificativa? Nenhuma convincente. Mas a investigação mostrou que havia servidores do INSS facilitando o esquema, o que fez o caso subir da Polícia Civil do DF para a Polícia Federal.
Em 2023, o rombo só cresceu: R$ 202,3 milhões foram descontados pela entidade. E tudo isso com Junior do Peixe ainda figurando nos bastidores.
Sem desconto… só pros amigos?
A operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, investiga 13 entidades suspeitas de fraudes, com foco em R$ 6,3 bilhões em descontos questionáveis no INSS.
Apesar disso, uma decisão judicial recente excluiu justamente a Conafer e a Contag da ação de bloqueio de bens movida pela AGU, que tenta recuperar R$ 2,56 bilhões. Sorte? Influência? Ou um sistema que protege os seus enquanto devora aposentados?
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