A onça-pintada capturada há 21 dias no pantanal sul-mato-grossense, após a morte do caseiro Jorge Ávalos, o “Jorginho”, de 60 anos, foi encaminhada para um instituto mantenedor de fauna silvestre no Instituto Ampara Animal, na cidade de Amparo (SP), nesta quinta-feira (15/5). Anteriormente, o felino estava no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande (MS).
O animal, um macho que foi capturado no dia 24 de abril pesando 94 kg, deixou o CRAS ontem possuindo 107 kg — registrando um ganho de 13 kg num período de três semanas, devido a uma rotina de alimentação.
“Os primeiros exames deram algumas alterações que eram agudas, mas que ao longo do período foi se tornando estável. É um animal carnívoro, então a base da alimentação dele era a carne, e também a gente dava algumas suplementações de tratamento, medicamento”, disse a veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Veterinário Ayty e coordenadora do CRAS.
Durante o período que esteve no CRAS, o animal, de aproximadamente 9 anos, passou por exames de raio-x, ultrassom e hemograma, além de acompanhamento veterinário. Na época da captura o animal estava debilitado e apresentou problemas de saúde, que posteriormente se confirmaram transitórios. Um dos principais problemas era o fato de estar abaixo do peso – deveria pesar em torno de 120 kg e tinha apenas 94kg.
Ainda no local, o animal também foi acompanhado diariamente pelos veterinários, que já são referência nacional no atendimento de animais silvestres da fauna pantaneira.
“A onça-pintada é conhecida como a rainha do Pantanal, é um animal de grande porte, muito bonito e que demonstra a riqueza do nosso bioma, o Pantanal, e do nosso estado. É uma honra a gente poder receber um animal desse e conseguir dar uma destinação correta para ele, assim como outros que já estiveram por aqui. Foi mais uma boa experiência que o CRAS teve, de poder atender adequadamente animal”, finalizou Aline.
Instituto é abrigo de outros felinos
Atualmente, o Instituto Ampara Animal, para onde o animal foi transferido, cuida de mais oito onças, sendo cinco de pelagem pintada e três pardas. Além disso, o local também acolhe animais silvestres que não podem ser soltos novamente na natureza, seja por terem sido vítimas de interferências humanas ou por outros motivos que impedem seu retorno ao ambiente natural.
O veterinário e responsável técnico da Ampara Silvestre, Jorge Salomão, explicou que o espaço não tem qualquer tipo de visitação.
“Os nossos recintos são todos muito grandes, com grotões de mata nativa, cercados. São o mais próximo possível do que o animal iria encontrar em vida livre. A gente tem recintos a partir de mil metros quadrados, até o maior de quase 6 mil metros quadrados”, explicou o veterinário.
Relembre o caso
O caseiro foi morto em 21 de abril por uma onça-pintada enquanto tentava coletar mel em um deck às margens do Rio Miranda, no Pantanal de Aquidauana (MS). O corpo de Jorginho foi encontrando na terça-feira (22/4) após buscas realizadas pela Polícia Militar Ambiental (PMA), que seguiu rastros de sangue deixados pela onça.
Na madrugada do dia 24 de abriel, a PMA capturou um exemplar de onça-pintada que pode ter sido o responsável pelo ataque. Porém, ainda não há confirmação de que a onça capturada a mesma que atacou o caseiro.
Durantes exames e pesquisas realizadas no CRAS, a onça-pintada expeliu fragmentos ósseos e cabelos “possivelmente humanos” após ter sido capturada. O material foi recolhido das fezes do animal e agora é analisado pela Polícia Científica.
Quando completa, a análise dos fragmentos ósseos será comparada com amostras dos restos mortais de Jorge e do sangue encontrado no lugar do ataque. Os laudos serão enviados à Polícia Civil para subsidiar a investigação.