Em mais um capítulo da batalha judicial entre Epic Games e Apple, Fortnite foi novamente bloqueado na App Store e agora está indisponível para download em iPhones e iPads em todo o mundo. A Epic Games anunciou nesta sexta-feira (16) que a Apple rejeitou a submissão do jogo para a loja de aplicativos dos EUA, o que acabou afetando também a disponibilidade do título na União Europeia e no Brasil, onde o game já estava liberado.
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O embate entre as duas gigantes da tecnologia começou em 2020, quando a Epic Games introduziu seu próprio sistema de pagamentos em Fortnite para iOS, desafiando as regras da Apple que exigem o uso exclusivo do sistema de compras in-app da App Store — do qual a empresa de Tim Cook cobra uma comissão de 30%. Como resultado, o jogo foi removido da plataforma e deu início a um processo judicial que se arrasta até hoje.
No início de maio deste ano, a Justiça estadunidense ordenou que a Apple alterasse suas regras para desenvolvedores, permitindo que eles direcionassem os usuários para sistemas de pagamento externos. Essa decisão abriu caminho para que a Epic Games tentasse reintroduzir Fortnite na App Store dos EUA, enquanto o jogo já estava disponível na União Europeia desde o ano passado, graças à legislação europeia DMA (Digital Markets Act), que obriga a Apple a permitir lojas de aplicativos de terceiros, e no Brasil desde março.
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Entenda o novo bloqueio e seus impactos globais
De acordo com a Epic Games, a Apple bloqueou a submissão do Fortnite tanto para a App Store dos EUA quanto para a Epic Games Store na União Europeia, o que resultou na indisponibilidade do jogo em dispositivos iOS em todo o mundo. “Infelizmente, o Fortnite em iOS estará offline mundialmente até que a Apple o desbloqueie”, informou a empresa em comunicado oficial.
Apple has blocked our Fortnite submission so we cannot release to the US App Store or to the Epic Games Store for iOS in the European Union. Now, sadly, Fortnite on iOS will be offline worldwide until Apple unblocks it.
— Fortnite (@Fortnite) May 16, 2025
A Apple, por sua vez, argumenta que apenas solicitou que a Epic Sweden (subsidiária europeia da Epic Games) reapresentasse a atualização sem incluir a versão para a App Store estadunidense, para “não impactar Fortnite em outras regiões geográficas”. A empresa afirma ainda que não tomou nenhuma medida para remover a versão atual do battle royale das lojas alternativas na União Europeia.
O problema parece estar relacionado à estratégia da Epic de vincular as atualizações de todas as plataformas. Como Fortnite recebe atualizações semanais que precisam ser lançadas simultaneamente em todas as plataformas, o bloqueio da versão estadunidense acabou afetando o funcionamento do jogo em outros mercados, incluindo o Brasil, onde jogadores já não conseguem baixar o aplicativo da App Store.
Impactos no Brasil e no mundo
Para os jogadores brasileiros, que desde março de 2025 podiam acessar Fortnite em iPhones e iPads livremente, o bloqueio representa um retrocesso significativo. O Brasil é um dos maiores mercados de Fortnite na América Latina, e a remoção do jogo das plataformas móveis da Apple afeta milhões de pessoas que dependem de iPhones e iPads para jogar.
Na União Europeia, onde o jogo estava disponível através da Epic Games Store e da AltStore PAL devido às exigências do Digital Markets Act, os usuários também foram pegos de surpresa com a remoção. Apesar da legislação europeia mais favorável às lojas alternativas, a decisão da Epic Games de manter todas as versões do jogo sincronizadas acabou prejudicando o público.
Nos Estados Unidos, onde havia expectativa de que Fortnite finalmente retornaria à App Store após quase cinco anos de ausência, o bloqueio nada mais é que a continuação da novela judicial que já se arrasta desde 2020. A decisão judicial recente que colocou a Apple sob desacato civil e proibiu a empresa de cobrar comissões em sistemas de pagamento alternativos não foi suficiente para garantir o retorno do jogo à plataforma.

Epic Games critica Apple por “armar” processo de aprovação
Tim Sweeney, CEO da Epic Games, não poupou críticas à Apple após o bloqueio. Em uma série de postagens no X (antigo Twitter), ele afirmou que a equipe de revisão da App Store “foi transformada em arma pela alta administração como uma ferramenta para atrasar ou obstruir a concorrência, o devido processo legal e a liberdade de expressão”.
Apple’s App Review team should be free to review all submitted apps promptly and accept or reject according to the plain language of their guidelines. App Review shouldn’t be weaponized by senior management as a tool to delay or obstruct competition, due process, or free speech. https://t.co/VauHwntRNR
— Tim Sweeney (@TimSweeneyEpic) May 16, 2025
Sweeney também questionou o fato de que imitações não-oficiais de Fortnite foram aprovadas para a App Store enquanto o jogo original continua bloqueado. Antes do anúncio oficial do bloqueio, ele já havia expressado que ficaria “muito surpreso” se a Apple “decidisse enfrentar a tempestade geopolítica de bloquear um aplicativo importante do iOS”.
A Epic Games aparentemente decidiu manter sua posição de não separar as atualizações por região, preferindo deixar o jogo offline em todo o mundo em vez de ceder às exigências da Apple. Essa estratégia parece fazer parte de uma tentativa de mobilizar jogadores e legisladores contra as práticas da Maçã, mantendo o foco na batalha judicial que se arrasta há cinco anos.
Com este novo desenvolvimento, a saga entre Epic Games e Apple segue distante de terminar, e os milhões de jogadores de Fortnite em dispositivos iOS seguem como os principais prejudicados pela disputa entre as duas gigantes da tecnologia.
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