O outono é uma estação marcada pela transição das temperaturas mais altas do verão para as mais baixas do inverno. Também é possível notar uma mudança no céu, que tende a ficar mais azul ao longo desse período. Mas você já se perguntou por que esse fenômeno ocorre justamente nessa época do ano?
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Características como ar mais seco, menor umidade e menos nuvens são alguns dos fatores que contribuem para que o céu fique com uma coloração mais azulada no período entre março e junho. Porém, independentemente da estação, o tom mais intenso do céu ocorre devido a um efeito óptico específico.
Dispersão de Rayleigh

O tom azul do céu é resultado de um fenômeno conhecido como Dispersão de Rayleigh.
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Trata-se de um efeito óptico em que a luz do Sol, ao entrar na atmosfera da Terra, interaja com moléculas de gases — em especial o nitrogênio — provocando o espalhamento de diferentes comprimentos de onda. As cores violeta e azul são mais fortemente dispersadas, mas o azul se destaca por estar mais presente na luz solar.
“Cada cor é defletida (ou espalhada) com intensidade diferente por essas moléculas, sendo as cores violeta e azul muito mais espalhadas que as demais. Mas, há menos violeta que azul na luz solar. Como consequência, o azul se sobressai como cor predominante no céu devido a esse fenômeno de espalhamento pelas moléculas de nitrogênio”, explica o físico Alexandre Lima, professor do Instituto de Física da USP (IFUSP).
O que muda no outono?
As condições meteorológicas do outono no Hemisfério Sul, especialmente no Brasil, variam bastante ao longo do território. No entanto, o céu mais azul é uma característica mais comum nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Isso ocorre porque, nestes locais, há menos umidade atmosférica e menor incidência de nuvens se comparado com o verão, por exemplo. De dezembro a março, são comuns as nuvens cirrus, transportadas pela umidade. Apesar de finas, elas podem atenuar a luz solar e dificultar a visualização de um céu mais limpo.
“Essas nuvens cirrus são muito finas, mas contribuem para atenuar a luz solar, causando um efeito geral de azul mais esbranquiçado ou esmaecido. As condições mais secas do outono, portanto, ajudam a termos essa percepção de um azul mais intenso nessas regiões”, destaca o especialista em física atmosférica.

Ângulo do Sol
Enquanto nos locais mais próximos à linha do Equador o Sol atinge regiões mais elevadas no céu, nas regiões Sul e Sudeste, o Sol percorre um caminho mais baixo no céu ao meio-dia, o que também contribui para a percepção de um azul mais intenso.
Apesar do céu mais limpo em alguns locais, o físico da USP alerta que a atmosfera mais seca no outono pode favorecer a ocorrência de fenômenos ambientais prejudiciais.
“As condições mais secas da atmosfera significam também maior propensão à ocorrência de focos de incêndios. Em grandes centros urbanos, fontes de poluição também se tornam significativas quando há redução de chuvas”, pontua Alexandre.
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VÍDEO | TELHA SOLAR
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