O Brasil tem 5.568 municípios. Muitos desses nomes homenageiam figuras históricas, eventos marcantes ou elementos da natureza. No entanto, algumas cidades se destacam por carregar nomes tão inusitados e engraçados que despertam risos à primeira leitura — e muita curiosidade.
De Anta Gorda (RS) a Passa e Fica (RN), passando por Feliz Natal (MT) e Xique-Xique (BA), os nomes são reflexos da cultura local, da memória oral e da criatividade dos primeiros moradores. A seguir, conheça essas cidades, organizadas por estado, e entenda a origem de seus nomes divertidos.
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Região Norte
Amapá
Tartarugalzinho, localizada a 230 km de Macapá. Originou-se do povoado de Tartarugal Grande, situado às margens do rio de mesmo nome. Devido às quedas d’água no rio, que dificultavam o transporte, os moradores se mudaram para uma área mais acessível, chamada Tartarugalzinho, um afluente do rio Tartarugal Grande.

Foto: Reprodução/Internet
Amazonas
Canutama, localizado a 620 km de Manaus. O nome “Canutama” pode ter origem indígena, significando “terra dos canu”.

Foto: Reprodução/Internet
Pará
Curralinho, a 150 km da capital Belém. Originou-se de uma fazenda particular, que cresceu com o agrupamento de pessoas ligadas aos seus proprietários em decorrência de interesses comerciais. Sua denominação vem de “curralzinho”, usado pelos aventureiros portugueses que, com o tempo, perdeu o “z”.
Tracuateua, a 169 km de Belém. O nome vem do nheengatu, língua indígena, e surgiu em 1888, quando trabalhadores encontraram muitas formigas tracuás às margens de um rio — sendo uma composição de tarakwá (uma espécie de formiga) e -tiwa (ajuntamento, multidão).

Foto: Divulgação/Prefeitura de Tracuateua
Tocantins
Combinado, localizado a 351 km de Palmas. Fundado em 1962 pelo então governador Mauro Borges, surgiu com a instalação de quatro rurópolis integradas a um núcleo urbano. A união entre esses núcleos deu origem ao nome Combinado.
Pugmil, a 340 metros de altitude e 139 km de distância da capital Palmas. O nome da cidade tem origem na palavra inglesa pugmill, que designa uma máquina que movimenta argila, pedras, cascalhos e outros materiais. Essa máquina era utilizada em atividades de produção na região e, por isso, foi empregada para nomear a cidade.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Combinado
Região Nordeste
Alagoas
Coité do Noia, a 122 km de distância da capital Maceió, foi fundada a partir do povoado criado por Manoel Severiano de Carvalho Noia, o primeiro morador da região. O nome “Coité” originou-se dos muitos coitizeiros presentes na área.

Foto: Instagram/prefeituradecoitedonoia
Bahia
Chorrochó, localizada a 493 km de Salvador e a 346 metros de altitude. O nome “Chorrochó” vem do tupi xoró, que significa “jorrar” ou “correntoso”, em referência às cachoeiras da região.
Xique-Xique está localizada a 402 metros de altitude e a 587 km de Salvador. Situada à margem direita do Rio São Francisco, a cidade conta com um porto de grande importância econômica para a região. O nome “Xique-Xique” deriva da abundância de cactos do tipo xiquexique encontrados pelos primeiros colonizadores.
Uauá, a 438 km da capital Salvador. O nome Uauá tem origem no tupi e significa “vagalume”, “pirilampo”.

Foto: Reprodução/Internet
Ceará
Jijoca de Jericoacoara, localizado a 370 km de Fortaleza. A cidade é famosa pela Praia de Jericoacoara, uma das principais atrações turísticas da região. Jijoca de Jericoacoara é o município mais setentrional do estado. O nome “Jijoca” tem origem tupi, significando “morada das rãs”, derivado de ji (rã) e oca (casa). Já “Jericoacoara” é traduzido como “toca das tartarugas”, vindo de yurucuá (tartaruga) e coara (buraco, toca).
Russas, localizado a 165 km de Fortaleza, na região do Vale do Jaguaribe. O nome tem teorias sobre sua origem, como pedras de cor ruça ou éguas com pelagem ruça de um fazendeiro local. Inicialmente chamada Santo Antônio do Ouvidor, adotou o nome Russas em 1938.

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Maranhão
Tuntum, a 365 km de distância da capital São Luís. A origem do nome pode ter referência à onomatopeia criada pelo toque dos tambores dos índios guajajaras e canelas presentes no interior do Maranhão.

Foto: Instagram/prefeituradetuntum
Pernambuco
Paudalho, localizado a 37 km de Recife. O nome vem de uma árvore que exalava cheiro parecido com o de alho, encontrada às margens do Rio Capibaribe, na antiga localidade de Itaíba.
Xexéu, localizado a 135 km de Recife. A região servia como rota de fuga para negros escravizados rumo ao Quilombo dos Palmares. O nome Xexéu vem da ave homônima, comum na área no passado.

Foto: Instagram/prefxexeu
Piauí
Piripiri, localizada a 160 km de Teresina. Originalmente chamada Peripery, que pode significar “capim-capim” ou “junco”, o nome foi alterado em 1944 por uma resolução do IBGE.

Foto: Igreja de Nossa Senhora dos Remédios/Reprodução Internet
Rio Grande do Norte
Passa e Fica, localizado a 107 km de Natal. Surgiu em 1929 com a bodega de Daniel Laureano, que atraía viajantes com jogos e aguardente. O nome surgiu de forma bem-humorada, quando um morador dizia que quem passava por lá acabava ficando — daí o nome Passa e Fica.
São Miguel do Gostoso, localizado a 102 km de Natal. O nome “Gostoso” surgiu de um morador bem-humorado, Manoel, apelidado de “Seu Gostoso” por animar os encontros no povoado. Mais tarde, após uma promessa atendida a São Miguel Arcanjo, foi construída uma capela, e o nome do santo foi unido ao apelido local.
Pau dos Ferros, localizado a 389 km de Natal. O nome vem de uma grande árvore de oiticica onde vaqueiros marcavam o tronco com ferro em brasa e descansavam à sua sombra após longas jornadas.

Foto: Divulgação/Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte
Sergipe
Tomar do Geru, a 170 metros de altitude e a 131 km da capital Aracaju. O nome deriva da combinação de dois elementos: “Tomar”, que faz referência à cidade portuguesa de Tomar, e “Geru”, de origem indígena, que significa “boca” ou “entrada” na língua tupiguarani.

Foto: Divulgação/Governo de Sergipe
Região Centro-Oeste
Goiás
Mossâmedes, localizada a 147 km de Goiânia. Surgiu em 1775 como aldeamento indígena fundado pela Coroa portuguesa. Tornou-se distrito de São José de Mossâmedes em 1845 e foi emancipada como município em 1953.

Foto: Reprodução/Internet
Mato Grosso
Feliz Natal, localizado a 530 km de Cuiabá. O nome surgiu em 1978, quando uma comitiva de trabalhadores, impedida pela chuva de retornar para casa no Natal, passou a saudar-se com “Feliz Natal” à beira de um riacho. A comunidade foi oficializada como município em 1995.

Foto: Reprodução/Internet
Mato Grosso do Sul
Batayporã, localizado a 313 km de Campo Grande. O nome homenageia as indústrias de calçados Bata, do checoslovaco Jan Antonín Baťa, que se refugiou no Brasil em 1932 e fundou outras cidades como Batatuba e Bataguassu.

Foto: Reprodução/Internet
Região Sudeste
Espírito Santo
Sooretama, a 119 km de distância da capital Vitória. O nome recebido pelo município, “Sooretama”, é uma homenagem à reserva biológica homônima e provém da língua tupi, significando “refúgio de animais silvestres”.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Sooretama
Minas Gerais
Ressaquinha, a 154 km de Belo Horizonte. O nome tem origens incertas: pode vir de pequenas clareiras chamadas “ressacas”, ser uma referência ao resgate do mar ou ainda uma homenagem feita por um engenheiro. Já era citado em registros paroquiais em 1734.
Sem-Peixe, a 181 km de Belo Horizonte, com área de 176 km². Seu nome vem da dificuldade que índios nômades tinham para encontrar peixes no rio local. A cidade foi emancipada em 1995, após se desmembrar de Dom Silvério.
Virginópolis, a 270 km da capital Belo Horizonte. Seu nome é uma homenagem à Virgem Maria, formado pelas palavras Virginis (do latim Virgo) e polis (do grego), “cidade”.
Cuparaque, a 200 metros de altitude e 497 km da capital Belo Horizonte. “Cuparaque” vem da língua crenaque e significa “onça-pintada”.

Foto: Heloísa Traiano / Agência O Globo
Rio de Janeiro
Varre-Sai, localizado a 363 km da capital. O nome surgiu no século XIX, quando tropeiros que pernoitavam em um rancho local, mantido por dona Inácia, precisavam limpar o estábulo antes de partir — daí o apelido “Rancho Varre-Sahe”.
Vassouras, a 434 metros de altitude e 497 km da capital Rio de Janeiro. O nome Vassouras está associado a um arbusto que foi muito abundante na região, conhecido como “tupeiçaba” ou “guaxima”, popularmente chamado de vassourinha.

Foto: Reprodução/Internet
São Paulo
Santa Rita do Passa Quatro, localizada a 253 km da capital. O nome homenageia Rita Ribeiro Vilela, devota de Santa Rita de Cássia e doadora do terreno para a capela. O complemento “do Passa Quatro” refere-se a um riacho que cruzava a estrada local quatro vezes.
Bady Bassitt, localizado a 465 km da capital. Inicialmente chamado Vila Borboleta, foi distrito de São José do Rio Preto e se emancipou em 1959. Em 1963, teve o nome alterado em homenagem ao deputado estadual da região, Bady Bassitt.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Bady Bassitt
Região Sul
Paraná
Borrazópolis, localizada a 363 km de Curitiba. O nome é uma homenagem a Francisco José Borraz, um dos primeiros proprietários da região e defensor do loteamento local. Ele foi economista e diretor do Banrisul. O nome vem de Borraz (sobrenome do fundador) e polis (cidade, em grego).
Ariranha do Ivaí, a 404 km de Curitiba. O nome vem do Ribeirão Ariranha, onde havia muitas ariranhas. Antes, o local se chamava Arroio Bonito.
Goioxim, a 860 metros de altitude e 275 km de distância da capital Curitiba. “Goioxim” é um termo originário da língua caingangue que significa “água pequena”, por meio da junção dos termos ngoi (“água”) e xim (“pequeno”).

Foto: Monumento em Homenagem Aos Pioneiros – Borrazópolis/Reprodução Internet
Rio Grande do Sul
Anta Gorda, localizada a 190 km de Porto Alegre. O nome surgiu após a caça de uma anta de grandes proporções na região, fato que virou referência entre os moradores.
Não-Me-Toque, a 282 km de Porto Alegre. O nome pode vir de uma planta espinhosa típica da região, popularmente chamada não-me-toque, ou de uma antiga fazenda registrada em 1885 com o mesmo nome.
Putinga, a 435 metros de altitude e 203 km da capital Porto Alegre. O nome da cidade originou-se de uma espécie de Taquara chamada Putingal. Putinga, em tupi-guarani, significa “cara branca”.

Foto: Cláudio Zagonel, Prefeitura de Anta Gorda/Praça Municipal Prefeito Genoíno Dallé
Muito além da graça: cultura viva
Esses nomes, por mais engraçados ou curiosos que pareçam, são parte da história e da identidade cultural de suas regiões. Muitos nasceram de expressões populares, lendas, referências naturais ou homenagens singelas que, com o tempo, viraram nomes oficiais. Seja por um cacto, um tropeiro bem-humorado ou um riacho com nome de saudação natalina, essas cidades mostram que a geografia brasileira é também um mapa da criatividade do seu povo.