Deputado quer vetar atendimento a “bebês reborn” no RJ

Rio de Janeiro – Em mais um episódio da distopia parlamentar brasileira, Renan Jordy (PL) protocolou nesta terça-feira (20) o PL N° 5406/2025, que visa proibir o atendimento a bebês reborn nos serviços públicos do estado do Rio de Janeiro. A proposta inclui hospitais, escolas, creches, delegacias e qualquer outro espaço institucional onde essas bonecas hiper-realistas possam, de alguma forma, ser tratadas como cidadãos.

O projeto também impede que pessoas carregando os bonecos usufruam de espaços exclusivos, como filas preferenciais, ampliando a cruzada moralista contra uma prática inofensiva que, aparentemente, incomoda mais do que o colapso na saúde pública ou a violência estrutural no estado.


Proibir bonecas enquanto a milícia avança

O texto da proposta é quase uma caricatura: proíbe desde atendimentos médicos e registros de ocorrência por agressão “contra o bebê reborn” até matrículas escolares. O argumento? Proteger a “finalidade dos serviços” e evitar “práticas abusivas” — como se o maior problema do SUS hoje fosse uma senhora tentando matricular uma boneca.

Renan Jordy, alinhado com o bolsonarismo e o moralismo punitivista que caracterizam o PL, alega que a ausência de uma lei específica para regular o uso de bebês reborn em serviços públicos abre brecha para abusos e confusões administrativas. A solução, claro, é mais proibição — sempre contra o que é diferente, simbólico ou minimamente fora da caixinha.


Prioridades invertidas em plena crise

Segundo o deputado, o projeto garante “racionalidade” no uso de recursos públicos, como se esse tipo de demanda tivesse peso real nas estatísticas de atendimento. Enquanto isso, milicianos seguem controlando territórios, escolas públicas operam com infraestrutura precária e postos de saúde enfrentam fila para vacina de sarampo.

A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) analisa esse tipo de proposta enquanto ignora projetos urgentes sobre segurança alimentar, moradia ou prevenção de desastres ambientais — todos temas muito mais relevantes e abandonados.


Pano de fundo reacionário

O debate sobre bonecas hiper-realistas, muitas vezes utilizadas em processos terapêuticos, tem servido como cortina de fumaça para distrair o eleitorado conservador. O reborn não ameaça ninguém, mas parece ser o inimigo perfeito num país em que o desmonte das políticas públicas é constante.

Ao invés de lidar com questões reais, a extrema-direita insiste em legislar sobre símbolos, costumes e delírios morais. É o mesmo populismo reacionário que ataca artistas, censura livros e tenta regulamentar até o que as pessoas pensam.

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