Jair Bolsonaro expõe rusgas entre Michelle e assessores

Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu jogar luz sobre mais um capítulo da novela familiar que envolveu o Palácio da Alvorada durante seu mandato.

Em entrevista à coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, ele justificou o ranço que seus assessores mais próximos demonstravam pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro: ela queria botar ordem na bagunça.

Segundo Bolsonaro, Michelle incomodava assessores como Mauro Cid e Marcelo Câmara porque se opunha ao uso indiscriminado da residência oficial como extensão do Planalto. Reuniões em horários avançados, conversas em voz alta e circulação irrestrita pelos espaços privados do palácio causavam atrito — especialmente no segundo andar, reservado à família.

Mensagens de Mauro Cid sobre Michelle Bolsonaro com aliados de Bolsonaro. Foto: Reprodução
Mensagens de Mauro Cid sobre Michelle Bolsonaro com aliados de Bolsonaro. Foto: Reprodução

“Ela cuidava da casa, do espaço. Tinha preocupação com o que era dela e da família, e isso incomodava o pessoal”, disse o ex-presidente, com seu habitual ar de quem lava as mãos. Ele ressaltou, no entanto, que Michelle “em momento nenhum interferiu politicamente” nas decisões do governo.


Revelações surgem em meio a tensão no núcleo bolsonarista

O mal-estar, já conhecido nos bastidores, veio à tona por meio das mensagens trocadas entre Mauro Cid, hoje alvo de diversas investigações, e Marcelo Câmara, ambos envolvidos em escândalos que vão de fraudes em cartões de vacina a tentativa de golpe. A rusga com Michelle seria, portanto, mais um dos inúmeros conflitos internos que marcaram o governo Bolsonaro, onde até a convivência doméstica foi alvo de tensão e bate-boca.

Enquanto isso, o ex-presidente tenta redesenhar seu papel político após o desgaste crescente provocado por denúncias, investigações e sua inaptidão cada vez mais evidente para liderar qualquer coisa que não seja o caos.


Michelle vira peça silenciosa no xadrez bolsonarista

Ainda que Bolsonaro tente blindá-la da política, Michelle Bolsonaro não é uma mera espectadora. Ela ocupa lugar estratégico no Partido Liberal (PL), flerta com discursos ultraconservadores e continua sendo aposta da extrema-direita para dar sobrevida ao clã. Mas as revelações do ex-presidente apontam que, no núcleo duro do bolsonarismo, ela também enfrentava resistência — o que enfraquece a ideia de unidade familiar e política tão vendida nos palanques.

Esse tipo de exposição, aliás, costuma ter dois efeitos: ou queima o nome de Michelle entre aliados mais radicais ou prepara o terreno para afastá-la de vez da figura pública em 2026.

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